Descrição de chapéu Coronavírus

Prefeitura interrompe enterros noturnos na cidade de São Paulo

Gestão Bruno Covas (PSDB) alega queda no número de sepultamentos como motivo para a suspensão

São Paulo

A Prefeitura de São Paulo decidiu suspender os sepultamentos noturnos a partir desta quinta-feira (29), em razão da queda do número de enterros na cidade. A medida está em vigor desde o dia 25 de março, em quatro cemitérios, e foi tomada por causa da alta de mortes por causa da Covid-19.

A gestão Bruno Covas (PSDB) afirmou nesta terça-feira (27) que os enterros noturnos podem ser retomados “a qualquer momento caso seja necessário”, como está previsto no Plano de Contingência Funerário.

Os enterros noturnos ainda podem ocorrer, nos próximos dois dias, nos cemitérios São Luiz (zona sul), Vila Nova Cachoeirinha (zona norte), São Pedro —conhecido como Vila Alpina— , e da Vila Formosa, ambos na zona leste. A rede municipal conta com 22 cemitérios.

Segundo boletim informativo do Serviço Funerário municipal, ocorreram 9.742 enterros em março na cidade, representando aumento de 63,3% em relação ao mês anterior, com 5964. Em abril, até domingo (25), foram computados 7.390 enterros em abril. O governo municipal não informa no documento quantos sepultamentos ocorreram no período noturno.

Conforme o boletim, em 25 de março, quando começaram os sepultamentos noturnos, foram 370 enterros registrados nos cemitérios públicos da capital. No dia 30 seguinte, a cidade de São Paulo registrou recorde de enterros em 24 horas, com 419 registros.

Boletim da Secretaria Municipal da Saúde divulgado na noite desta segunda (25), aponta que a capital teve 26 mil mortes confirmadas pelo novo coronavírus desde o inicio da pandemia, em março do ano passado. São 994.5 mil casos confirmados.

Coveiros enterram corpo durante sepultamento noturno, no último dia 6, no cemitério da Vila Alpina, na zona leste da capital paulista - Mathilde Missioneiro/6 abril 2021/Folhapress

O Agora acompanhou dois enterros noturnos, sendo um de vítima da Covid-19, no último dia 6 no cemitério São Bento, na Vila Alpina.

De mãos dadas, cinco parentes próximos do empreiteiro Gilberto Silva e Souza, 70 anos, rezaram um Pai-Nosso ao lado do carro em que estava o caixão com o corpo do ente querido, por volta das 21h30 de uma terça-feira.

Logo em seguida, o caixão foi colocado em um veículo de transporte da necrópole e levado até a quadra 101, onde Souza foi enterrado rapidamente. Ele morreu por causa da Covid-19, no mesmo dia de seu enterro, por volta das 9h, após permanecer 18 dias intubado no Hospital Municipal Vila Santa Catarina (zona sul), local onde trabalha sua filha, a enfermeira Gisele Anselmo e Souza, 39.

A reportagem também acompanhou na ocasião o enterro da dona de casa Adriana Alencar, 47 anos, que morreu por causa de uma embolia pulmonar, deixando quatro filhos, com idades entre 10 e 24 anos.

Diferentemente do idoso, seus familiares puderam velar o corpo de Adriana por aproximadamente uma hora, antes do enterro, ocorrido por volta das 20h50, na mesma quadra em que o empreiteiro foi sepultado posteriormente.

Na primeira semana de abril o secretário Municipal das Subprefeituras de São Paulo, Alexandre Modonezi, afirmou que o serviço funerário pretendia construir, em 90 dias, 26 mil sepulturas verticais no cemitério de Itaquera (zona leste), além de abrir 600 valas diariamente na cidade.

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