Descrição de chapéu Coronavírus

Paulistano sai em busca da vacina da Pfizer em postos da capital

Na zona oeste, local de vacinação teve de fixar cartaz afirmando não ter doses do imunizante; na zona leste, pessoas foram embora quando souberam que havia acabado

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São Paulo

Moradores da cidade de São Paulo foram às unidades de saúde da capital paulista em busca de vacinas contra a Covid-19 fabricadas pela Pfizer. O imunizante produzido pela farmacêutica norte-americana, em parceria com o laboratório alemão BioNtec, chegou ao Brasil nesta semana e começou a ser usado no município na última quinta-feira (6), quando teve início a aplicação em pessoas com 60 a 62 anos de idade.

Também no dia 6, paulistanos chegaram a esperar mais de quatro horas na fila para receber o imunizante da Pfizer, como constatou a reportagem na UBS (Unidade Básica de Saúde) Nossa Senhora do Brasil, na Bela Vista (centro de São Paulo) .

Entre os motivos relatados para a procura pela vacina da Pfizer está a eficácia, de 95%. Já a da Oxford/AstraZeneca tem eficácia de 70%, enquanto a Coronavac, desenvolvida em parceria entre o laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan, é de 50,38%.

Além disso, a Coronavac ainda não é aplicada na Europa, o que pode dificultar a entrada no continente de pessoas que tomaram essa vacina.

A cidade de São Paulo recebeu, na terça-feira (4), 135.720 doses da Pfizer, do Ministério da Saúde, destinadas para pessoas com idades entre 60 e 62 anos.

Diante da insistência de algumas pessoas em tomar somente a vacina da Pfizer, funcionários do Centro-Escola Geraldo de Paula Souza, em Sumaré (zona oeste de São Paulo), afixaram um cartaz informando que no local não havia doses disponíveis do imunizante norte-americano.

“Atenção: esta unidade não irá receber a vacina da Pfizer”, dizia o informativo, anexado em uma coluna perto do local onde pessoas, a pé, se preparavam para tomar uma dose da Oxford/AstraZeneca, no fim da manhã desta sexta-feira (7).

Em outra folha de papel, ao lado do cartaz sobre a inexistência de doses da Pfizer, havia os endereços de duas unidades de saúde onde o imunizante, desenvolvido nos Estados Unidos, poderia ser eventualmente localizado. O posto não disponibilizava a vacina porque ela foi distribuída apenas para unidades básicas de saúde.

Precisando viajar para a Alemanha, onde o marido e a filha residem, a química Maria Grossi, 62 anos, procurava algum posto em que poderia ser imunizada com a vacina da Pfizer.

Ao ser informada que havia somente doses da ​AstraZeneca, na unidade da zona oeste, ela afirmou que iria para um dos dois endereços indicados no cartaz.

Uma funcionária afirmou ao Agora que, por causa da procura pela vacina da Pfizer, o posto se antecipou, colocando os cartazes indicando os dois locais mais próximos, onde havia a possibilidade de se encontrar doses da vacina. "Isso ajuda a evitar que as pessoas esperem na fila à toa", explicou. Ela acrescentou que a procura pelo imunizante da farmacêutica norte-americana "estava grande".

Durante o período em que a reportagem esteve no centro-escola, entre as 10h20 e 10h50, o atendimento no drive-thru e para pessoas a pé foi realizado com fluidez e agilidade, da mesma forma que na UBS (Unidade Básica de Saúde) Doutor Manoel Joaquim Pera, na Vila Madalena, a cerca de 2,5 km de distância, um dos postos indicados no cartaz para quem buscava a vacina da Pfizer.

Unidade Básica de Saúde na Vila Madalena (zona oeste de SP) ofereceu doses da Pfizer nesta sexta-feira (7). Fila no local era pequena e fluxo de atendimento rápido, no início da tarde - Rubens Cavallari/Folhapress

Poucas pessoas formavam uma fila em frente à unidade de saúde, entre elas a aposentada Liliane Fiuza Caetano Figueiredo.

Com 66 anos, ela já poderia ter sido imunizada desde 21 de abril contra a Covid-19, quando a faixa etária dela foi incluída na campanha de vacinação. Porém, preferiu esperar pela dose da Pfizer.

“Vim aqui ontem [quinta] e já tinham acabado as doses. Aí decidi voltar hoje [sexta] e informaram que tem disponível. Estou priorizando a vacina da Pfizer, pois ela é aceita nos Estados Unidos e Europa, para onde irei em breve”, justificou.

Ao lado de Liliane, a consultora Eloisa De Blassis, 61, também argumentou preferir se imunizar com a vacina da Pfizer, pois terá de viajar para a Holanda, onde o filho mora.

Na UBS do Tatuapé, na zona leste, estavam disponíveis somente doses da AstraZeneca nesta sexta. A reportagem presenciou duas pessoas que, ao terem ciência da falta do imunizante da Pfizer, saíram do local antes do início da vacinação, que começou às 7h19, quando o acesso ao posto de imunização foi liberado.

Na quinta-feira, primeiro dia de vacinação para a faixa etária entre 60 e 62 anos, das 133.513 doses aplicadas na cidade, 99.396 eram da Pfizer, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Isso quer dizer que, de cada 100 vacinas utilizadas na quinta, quase 75 eram do laboratório norte-americano.

Por telefone, a assessoria de imprensa da secretaria disse que foi dada prioridade às doses da Pfizer por questões de armazenamento. De acordo com a pasta, após descongelado, esse imunizante tem um prazo de validade menor do que o da AstraZeneca e, por isso, tem de ser usado mais rapidamente.

Em coletiva de imprensa na quinta, o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido afirmou que as doses da Pfizer seriam aplicadas somente em unidades básicas de saúde, seguindo recomendação do Ministério da Saúde. Nos demais postos seriam usadas a da AstraZeneca.

Ele também fez um apelo, para que a população não escolha de qual laboratório irá receber a dose de imunizante. "O importante é tomar a vacina e não querer tomar a A ou B. Ser vacinado, imunizado o mais rápido possível, significa que a pessoa estará protegida. Deixando de se vacinar, pode contrair a doença", disse.

A secretaria afirmou que "segue as diretrizes dos Planos Nacional e Estadual de Imunizações e garante a segunda dose do imunizante ao público vacinado com a primeira dose". A pasta disse ainda que todas as UBSs da cidade receberam as vacinas da Pfizer.

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