Filas intermináveis, horas de espera e muitas vezes sob sol, falta de organização e aglomeração. O paulistano enfrentou dificuldades no primeiro dia de vacinação contra a Covid-19 para a faixa etária entre 60 e 62 anos, nesta quinta-feira (6).
Na UBS (Unidade Básica de Saúde) Nossa Senhora do Brasil, na Bela Vista (centro de São Paulo), a espera passava das 4h30. A fila de aproximadamente 250 metros se perdia na calçada da alameda Marques de Leão. O posto era um dos que ainda tinham vacina da Pfizer, que a prefeitura começou a usar nesta quinta —135,7 mil doses foram distribuídas pelo Ministério da Saúde para a capital paulista. A meta é vacinar cerca de 600 mil pessoas nessa faixa etária no município e as demais doses serão da Oxford/AstraZeneca.
As vacinas da Pfizer, que segundo a prefeitura deveriam se esgotar nesta quinta, foram aplicadas exclusivamente em unidades de saúde por causa da refrigeração. Em postos de drive-trhu são aplicadas apenas as da AstraZeneca.
O corretor de imóveis Rubens Garcia, 62 anos, esperou 4h15 pela vacina na UBS da Bela Vista. Ele mora no Jardim Aeroporto (zona sul) e foi pela manhã à UBS Dr. Manoel Joaquim Pera, na Vila Madalena (zona oeste) Lá, as doses da Pfizer já haviam acabado, segundo disse. Então ele resolveu ir ao centro.
"Como sabia que aqui tinha [a vacina da Pfizer], resolvi esperar. Parece que é mais segura e mais eficaz, vale a pena", diz o corretor, que chegou 11h45 e só saiu às 16h do local.
As três vacinas disponíveis no Brasil atualmente têm diferentes taxas de eficácia --que é o que define quão boa ela é para proteger contra uma infecção ou doença. A maior delas é a da Pfizer/BioNTech, com 95%. A da Oxford/AstraZeneca tem 70% de eficácia, e a Coronavac, da Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, 50,38%. Especialistas, entretanto, afirmam que essas taxas não podem ser comparadas diretamente porque os estudos seguem regras diferentes.
Sandra Maria Rosa, 62, conseguiu a vacina depois de quatro horas e 35 minutos. A receita para esperar tanto tempo, disse ela, que é vendedora, foi manter a tranquilidade e o foco em poder voltar a trabalhar por estar imunizada. Ela afirmou que também resolveu apostar no local porque queria receber a vacina da Pfizer.
Há quatro horas na fila e com cerca de 20 pessoas em sua frente, a aposentada Sueli Inouye, 61, disse que estava ansiosa pela vacina para voltar a visitar a mãe, de 97 anos, que não vê há um ano e meio. Por isso resolveu esperar tanto tempo. "Mas posso tomar qualquer uma [vacina]. Espero que valha a pena."
Profissionais da unidade orientavam quem chegava à fila. Segundo eles, quem recebia a senha teria garantia de que receberia a vacina, mesmo que depois do encerramento do expediente da unidade, às 19h. As doses da Pfizer, contudo, seriam garantidas somente até a senha 800 --quando a reportagem do Agora saiu do local, às 16h35, as senhas distribuídas já passaram de 890.
Um dos últimos da fila era o professor André Luiz de Andrade, 60. Na fila há pouco mais de uma hora, ele não estava nem perto de receber o imunizante. "Disseram que eu ia esperar pelo menos três horas, mas garantiram que vou ser vacinado. Estou ansioso", afirmou Andrade, que perdeu o pai, de 89 anos, há quase um ano, por causa da Covid-19. "Convivi com a doença muito próximo, por isso sei do risco. A vacina é um passo importante para que tudo isso acabe."
Muitas pessoas que chegavam ao local desistiam ao ver o tamanho da fila. Um deles foi o especialista em relações institucionais Edmilson Bordon, 61. Depois de passar na Nossa Senhora do Brasil, ele resolveu ir à UBS Humaitá, também na Bela Vista e a cerca de 950 metros da outra. Lá, esperou aproximadamente cinco minutos para ser vacinado. "Dá até dó de quem está esperando há tanto tempo." No local, era administrada a vacina da Oxford/Astrazeneca.
Pela cidade
A dificuldade para se vacinar se espalhou por todas as regiões da cidade. Na UBS "Doutor José de Toledo Piza", na zona norte, dezenas de pessoas se aglomeravam pela manhã em uma fila formada na calçada da unidade, aguardando para serem imunizadas.
Sob sol, sem local para se sentar, um grande grupo também protagonizou a mesma situação, de aglomeração e espera, no Posto Centro-Escola Geraldo de Paula Souza, no Sumaré (zona oeste).
Na UBS Jardim República (zona sul), o volume de pessoas provocou desistência, como ocorreu com a dona de casa Reuza Ferreira de Oliveira, 62.
“Meu marido foi de carro até a UBS e disse que não dava para ver onde começava ou terminava a fila e que estava tudo bagunçado. Por isso, desisti de tentar ir para lá”, explicou a dona de casa que, por fim, foi até a Etec (Escola Técnica Estadual) Irmã Agostina, na região de Interlagos (zona sul), onde ainda precisou esperar cerca de uma hora e meia até ser imunizada por volta das 15h10.
Na UBS da Vila Nova Conceição (zona sul), a fila chegou a dar uma volta no quarteirão às 9h30. Algumas pessoas comentaram que, mais cedo, o último chegou a a ficar praticamente ao lado do primeiro, devido a grande quantidade de gente. A espera era de 3h30.
Uma voluntária abordou algumas pessoas, explicando que quem foi à unidade para tomar o reforço da Coronavac não precisava pegar fila. Isso não impediu, porém, que o tempo de espera fosse de três horas e meia, segundo apurado no local para a primeira dose.
Um homem, que pediu para não ser identificado, afirmou que estava com medo de não conseguir ser imunizado. “Não estou vendo ninguém entregar senhas. Vai que acabam as vacinas e o povo do final da fila fica esperando à toa?”, indagou.
Na UBS Vila Anglo Doutor José Serra Ribeiro, em Perdizes (zona oeste), a fila para vacinação por volta das 13h passava de três quarteirões.
A UBS Boracea, na Barra Funda (zona oeste), tinha longa fila pela manhã. À tarde, quando a reportagem voltou ao local, a espera pela vacinação era de 15 a 20 minutos, segundo as pessoas que recebiam o imunizante.
Na UBS Santa Cecília (centro), por volta das 15h30 havia cerca de 30 pessoas na fila, mas a reclamação era a respeito da lentidão. A aposentada Luiza Suzuki, 60, dizia que, nos 20 minutos de espera até então, não viu a fila andar. Assim como na UBS Boracea, lá também era aplicada apenas a vacina da Oxford/Astrazeneca.
Pela manhã, segundo Manoel de Oliveira, 43, a fila na UBS Santa Cecília virava o quarteirão e chegava à rua paralela. Ele vende pipoca na calçada da unidade. "Nos outros dias não deu tanta gente como hoje."
Resposta
Em entrevista coletiva de imprensa nesta quinta, o secretário municipal da Saúde Edson Aparecido afirmou que nenhuma pessoa, na faixa etária de 60 a 62 anos, ficará sem vacina na cidade.
A Secretaria Municipal da Saúde disse em nota que recomenda a ida aos locais de vacinação de maneira gradual, evitando aglomerações nos postos. E que as pessoas façam o pré-cadastro no site VacinaJá para adiantar o atendimento. " Basta inserir dados como nome completo, CPF, endereço completo, telefone e data de nascimento para concluir o cadastro."
Assim como o titular da pasta, a secretaria disse que conta com doses suficientes para vacinar os grupos elegíveis "que no momento estão como prioridade de campanha de imunização contra a Covid-19."
Onde se vacinar
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UBSs (Unidades Básicas de Saúde)
Horário: das 7h às 19h
Clique aqui para acessar os endereços
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Postos volantes (farmácias, igrejas, praças)
Horário: das 7h às 19h
Clique aqui para acessar os endereços
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Centros-escolas
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Horário: das 8h às 17h
1. Centro-Escola Barra Funda - Av. Dr. Abrahão Ribeiro, 283, Bom Retiro
2. Centro-Escola Geraldo de Paula Souza - Av. Dr. Arnaldo, 925, Sumaré
3. Centro-Escola Samuel Barnsley Pessoa – Av. Vital Brasil, 1.490, Butantã
- Postos drive-thru
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Horário: das 8h às 17h
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Calendário - próximas datas
Grupo | Início |
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De 60 a 62 anos | 6 de maio |
Pessoas com síndrome de down (de 18 a 59 anos) |
10 de maio |
Pacientes renais em diálise (de 18 a 59 anos) |
10 de maio |
Transplantados imunossuprimidos (de 18 a 59 anos) |
10 de maio |
Metroviários | 11 de maio |
Grávidas e puérperas com comorbidades (acima de 18 anos) |
11 de maio |
Pessoas com comorbidades (de 55 a 59 anos) |
12 de maio |
Motoristas e cobradores de ônibus | 18 de maio |
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