Shows. Eventos. Comemorações.
Tudo suspenso.
É a pandemia.
Mas nem tudo parou.
As Olimpíadas estão chegando.
O Japão se prepara normalmente.
A tocha olímpica percorre o país das cerejeiras.
No Brasil, acendiam-se as esperanças de Alfredinho.
—Só me falta algum financiamento…
O atleta suspirava.
—Pena que eu larguei o Exército.
Há mais infraestrutura esportiva.
Mas ele não se encaixava na disciplina do quartel.
—Tinha de aprender o manejo de armas.
Alfredinho sorri discretamente.
—E eu só sabia manejar uma... a do capitão Moacir.
A prática não era bem vista pela corporação.
Agora, Alfredinho pastava no serviço de motofrete.
—Eu podia fazer as entregas na base da maratona.
Mas a Pizzaria Vulcão Vesúvio não confiava nele.
—Vai de moto.
O acidente foi no começo da noite.
A ambulância cortou o sonho olímpico.
No hospital, Alfredinho tem visões estranhas.
—A tocha olímpica. O capitão Moacir. A borda recheada.
A pizza quatro queijos se transformava numa medalha de ouro.
Na hora do Hino Nacional, vinha uma injeção.
O Brasil é um vasto hospital.
Dentro da UTI, mudam os sonhos.
Mas ninguém sai do lugar.
Voltaire de Souza
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