Voltaire de Souza: Quando vacinas não resolvem
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Vento. Frio. Garoa.
As baixas temperaturas batem recordes na cidade.
E as paulistanas já sabem.
Tempo de enfiar a calça no cano da botinha.
Dona Keyla tomou o último gole de chá.
—Vamos, Antenor?
O marido resmungava.
—Sair nesse frio…
Eram seis da manhã no Jardim Santa Terezinha.
A anciã estava animada.
—Segunda dose da vacina… é bom aproveitar.
O raciocínio de dona Keyla fazia sentido.
—Vai que acabam as vacinas.
Antenor procurava mais meias de lã.
—Sabe o que é isso, Keyla?
—Hã. O que é?
—Consumismo. Consumismo da vacina.
Keyla tirou as meias da gaveta.
—Nossa vacina é da Pfizer, Antenor…
—E daí?
Ela entregou as meias para o marido.
—Considero isso um privilégio.
—Não. Essa de risquinho vermelho eu não quero.
Keyla olhou as meias com tristeza.
—Fui eu que dei para você, Antenor.
—Deixa. Vou de chinelo mesmo.
Os sintomas vieram à noite.
Coriza. Tosse. Dor de garganta.
Antenor se recusa a fazer o teste.
—Só resfriado. Mas uma coisa é certa.
Ele tentava respirar mais fundo.
—A culpa é da Pfizer. Bela porcaria.
Casamentos são como vacinas.
Depois de um tempo, perdem a validade.