Quatro em cada dez alunos da rede municipal de SP não retornaram às aulas presenciais
Prefeitura diz que ensino remoto é opção para quem não se sente seguro em ir ao colégio; especialista considera número alto e indica que pode haver evasão
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Na primeira semana de retorno das aulas presenciais, 62% dos estudantes da rede pública municipal da cidade de São Paulo foram à escola, segundo a prefeitura.
O número equivale dizer que quase quatro em cada dez não compareceram às unidades de ensino nesta semana.
Desde a última segunda-feira (2), todas as escolas públicas e particulares da cidade de São Paulo puderam retomar aulas com 100% da capacidade, desde que respeitado o distanciamento de 1 metro entre alunos dentro da sala de aula. As creches podem receber até 60% do total de sua capacidade.
TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE A VOLTA ÀS AULAS
Questionada, a Secretaria Municipal de Educação não informou quantos alunos não compareceram. Pelos números fornecidos pela própria pasta, as cerca de 1.169 unidades de ensino distribuídas 589 Emeis (escolas municipais de educação infantil), e outras 580 Emefs (escolas municipais de ensino fundamental), abrigam um total de 702 mil estudantes. Como 38% não compareceram, ao menos 266,7 mil estudantes não voltaram presencialmente nesta primeira semana de aulas na capital paulista.
Para Romualdo Portela de Oliveira, diretor de pesquisa e avaliação do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura a Ação Comunitária), o número de 38% dos alunos que não compareceram às escolas é alto.
"Se você tem a expectativa de volta de 100% e 38% faltam, o número é muito alto. Ainda mais pelo fato de você não saber ao certo quantos de fato acompanham as aulas remotamente e quantos já desistiram", afirma.
Oliveira é coautor de um estudo feito pelo Cenpec em parceria com a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), divulgado em novembro de 2020 que apontou uma evasão escolar de 13,9% no país.
Para o especialista, o número de 38% registrado na rede municipal de ensino da capital pode indicar o afastamento de crianças e adolescentes da sala de aula.
Para ele, é fundamental que seja feito um trabalho de busca ativa dos alunos.
A gestão Ricardo Nunes (MDB) lembrou que neste momento o ensino presencial não é obrigatório, por causa da pandemia, e que pais e alunos podem optar pelas aulas remotas. E isso pode significar a ausência nos colégios.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação disse não ser correto afirmar que ausência dos alunos venha a indicar evasão escolar.
“É errado afirmar que os alunos que ainda não compareceram ao ensino presencial indiquem evasão escolar, uma vez que a presença em sala de aula não é obrigatória, de acordo com a Lei número 17.437, de 12 de agosto de 2020”, segundo trecho da nota.
A secretaria diz que em 2019, ou seja antes da pandemia, o índice de evasão foi de 1,24%.
A pasta afirmou ainda que o ensino remoto permanece disponível para todos os estudantes. “Quem não está presente em sala de aula, participa em caráter obrigatório por meio da plataforma Google Classroom ou de outros meios de disponibilização das atividades”, diz a nota.
Ainda segundo a administração municipal, a busca ativa escolar já está dentro da rotina pedagógica das unidades.
A pasta diz ainda que também publicou no último dia 30 de abril, a Instrução Normativa Nº 12 no dia 29 de abril de 2021, reforçando orientações com as equipes gestoras para assegurar a frequência dos matriculados na rede. Além disso, através do NAAPA (Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem), a secretaria diz que desenvolve ações que visam contemplar os estudantes da rede municipal, além de crianças em vulnerabilidade educacional.
“A ideia é ajudar e auxiliar os alunos e famílias no aprendizado em casa, combater a evasão escolar, detectar vulnerabilidades e prestar suporte”, informa a nota.