Descrição de chapéu Zona Norte

Vendedor diz que reagiu a dois socos, deu tiro a esmo e jogou arma fora após matar advogado

Suspeito de matar vítima com um tiro nas costas, após briga de trânsito na zona norte de SP, está preso

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O vendedor Rogério Aparecido Inácio Balioti, 38 anos, preso após atirar e matar o advogado Daniel Mourad Majzoub, 47, sábado (7), durante uma briga de trânsito em Santana (zona norte da capital paulista), afirmou em depoimento, nesta quarta-feira (11), que "atirou a esmo" após reagir a dois socos, supostamente dados pela vítima. O suspeito também afirmou ter jogado fora a arma usada no crime, uma herança de seu pai, um dia após o crime.

Seu advogado de defesa, Maurício Januzzi, afirmou à reportagem, nesta quinta-feira (12), que não iria comentar o caso, que corre em segredo de Justiça.

Balioti teve a prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça, a pedido do 20º DP (Água Fria), na terça-feira (10). Ele se apresentou à polícia na manhã do dia seguinte.

Em seu depoimento, o vendedor contou uma versão semelhante à relatada pelo filho da vítima, um adolescente de 17 anos, que testemunhou o crime.

"Ele nos falou que estava subindo com seu carro a avenida Nova Cantareira, quando o veículo da vítima lhe teria fechado. Aí buzinaram e houve xingamentos, como costuma ocorrer em brigas de trânsito", contou ao Agora, nesta quinta, a delegada Fabiana Sarmento de Sena Angerami, titular do 20º DP.

Neste dia, acrescentou a delegada, o suspeito havia saído com a mulher e a filha de 5 anos -- ambas estavam com ele no momento do crime -- para procurar o cachorro da família, que teria fugido.

Ainda segundo o depoimento, como havia a suspeita de que o cão estivesse em uma região mais perigosa, o vendedor decidiu levar a arma, um revólver calibre 22, que seria uma herança deixada pelo pai. O suspeito, ainda de acordo com a polícia, não tem porte de arma. "Ele afirmou que foi uma situação excepcional [sair armado]", afirmou Fabiana.

Logo após a primeira discussão com Majzoub, acrescentou a delegada, ambos os carros emparelharam em um semáforo fechado, ainda na avenida Nova Cantareira.

"O suspeito nos disse que, neste momento, a vítima teria reiniciado as ofensas", disse a titular do 20º DP, acrescentando que o vendedor teria alertado o advogado sobre o fato de estar armado.

"Depois disso, segundo nos relatou o suspeito, a vítima desembarcou e foi até a janela do motorista [do suspeito] e acertou dois socos nele. O vendedor alegou ter perdido a cabeça e ter dado 'um tiro a esmo' para assustar [o advogado]. Ele reforçou que não percebeu que havia ferido a vítima e, por isso, foi embora."

Imagens de uma câmera de monitoramento mostram o advogado desferindo golpes contra o vendedor, retornando em seguida para seu carro, onde estavam o filho de 17 anos e a esposa.

Os parentes do advogado, após perceberem que ele estava ferido na região das costas, levaram-no no próprio carro até o Pronto-Socorro São Camilo, onde a morte dele, por hemorragia, foi confirmada.

O advogado Daniel Mourad Majzoub, 47 anos, morreu com um tiro nas costas, após uma discussão de trânsito, por volta das 20h10 de sábado (7), em Santana (zona norte da capital paulista). - Reprodução/@danielmajzoub no instagram

Jogando a arma fora

Ainda durante seu depoimento, Balioti afirmou ter tido ciência da morte do advogado na segunda-feira (9), após ver o caso na televisão e redes sociais. Ele reforçou que "não era sua intenção" matar a vítima.

Por isso, acrescentou o vendedor, ele teria se assustado e, numa "atitude impensada", jogou a arma usada no crime em um rio. O local exato não foi informado pela polícia, que trabalha para encontrar a arma.

Ciente da decretação de sua prisão, o suspeito procurou um advogado, para acompanhá-lo até a delegacia, o que ocorreu na manhã de quarta-feira.

Enquanto o suspeito prestava depoimento, policiais do 20º DP entraram em sua casa, em cumprimento a um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça.

No local foram encontradas munições de calibre ponto 45, que foram apreendidas. Um segundo Inquérito Policial foi instaurado, segundo a delegada do 20º DP, para apurar este caso de porte ilegal de munição.

O vendedor, que não conta com passagens criminais anteriores, permanece preso por ao menos 30 dias. Caso a Polícia Civil achar necessário, pode ainda solicitar a prisão preventiva dele, ou seja, por tempo indeterminado.

"Precisamos ser pessoas melhores, mais tolerantes no trabalho, no trânsito, na escola. Precisamos aprender a nos controlar, isso [descontrole] que gera crimes no trânsito, violência doméstica, agressividade interna. No fundo, precisamos melhorar como pessoas", avaliou a delegada.

Entidades lamentam morte

Em nota de pesar, a Abrig (Asociação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais) se solidariza com a família do advogado Daniel Mourad Majzoub, "em razão de seu falecimento precoce".

"Manifestamos nossos sinceros e profundos sentimentos por essa perda, e nossa eterna gratidão pela dedicação de Daniel à Abrig", diz trecho da nota.

O Consulado Geral do Líbano, no Rio de Janeiro, afirmou também em nota ter "consternação, indignaç ão e revolta" com relação à morte do advogado.

O currículo da vítima foi destacado pelo Consulado. Segundo a plataforma Lattes, neto de libaneses, Majzoub era graduado em direito empresarial e tributário pela USP (Universidade de São Paulo), tinha especialização em contabilidade tributária pela Escola Superior de Advocacia, mestrado em direito das relações econômicas internacionais pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e com experiência profissional na área de direito internacional, com ênfase em direito empresarial e criminal.

"A comunidade libanesa no Brasil está inteiramente chocada com esse brutal e covarde assassinato, e espera que o assassino seja preso o mais rápido possível", afirma o Consulado em trecho de nota de pesar.

Notícias relacionadas