Voltaire de Souza: A fila anda

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Voltaire de Souza

Saúde. Filas. Prevenção.
A capital paulista avança na luta contra a pandemia.
Chega a vez dos mais jovens.
Na Virada da Vacinação, as seringas vão atravessar a madrugada.
Plantão noturno pela sobrevivência da moçada.
Rogério estava com 19 anos.
Os pais se impacientavam.
—Não trabalha…
—Não estuda…
—Essa pandemia é desculpa para tudo.
—Quem sabe agora, com a vacina…
—Ele vai poder entrar nos trilhos.
Rogério não saía do quarto.
—Mentira. Às vezes eu pego encomenda na portaria.
As remessas vinham em envelopes lacrados.
Maconha de boa qualidade.
A mãe sentia o cheiro da fumaça.
O pai baixou o decreto.
—Hoje à noite. Te levo no posto de vacinação.
Era ali perto do Círculo Militar.
Os óculos escuros de Rogério não combinavam com o ambiente noturno.
—Pai. Estaciona aqui mesmo. Olha aí a vacinação.
—Onde, filho?
Ele apontou logo à frente.
—Olha aí. A fila.
Foi dolorido o suspiro do genitor.
—Esse é o Monumento às Bandeiras, filho.
—E olha… a seringa logo ali.
Era o Obelisco dos Mortos de 32.
Algumas filas andam.
Mas, com vacina ou sem vacina, muita gente não sai do lugar.

Saúde. Filas. Prevenção. A capital paulista avança na luta contra a pandemia. - Folhapress

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