Voltaire de Souza: Palco de uma ilusão
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Crise. Pandemia. Recessão.
O vírus continua entre nós.
Não ataca apenas as pessoas e as famílias.
Alguns setores econômicos estão há muito tempo sem ar.
O sr. Eduardo era dono de uma pequena rede hoteleira no interior do estado.
—Quase sem hóspedes.
Era no Circuito das Águas.
São Pedro. Lindóia. Caxambu.
Eduardo dava um suspiro.
—Se pelo menos nevasse por aqui.
Ele tinha esperança nas mudanças climáticas.
—Tentei de tudo.
O Grande Hotel Serrano guardava as maiores lembranças.
—Aqui era o cassino.
Eduardo acendeu um cigarro.
—Virou o Reino da Gurizada.
Quatro crianças fungavam em cima da piscina de bolinhas.
Atrás das quadras de tênis ficava o teatro.
—Tinha muito show da Dircinha Batista.
Ruflavam asas de morcego entre as vigas de cabreúva.
—Está ouvindo?
Um silêncio. Depois, um grito.
—Independência ou morte!
O sr. Eduardo não conseguia acreditar.
O teatro estava lotado. Aplaudindo um ator vestido de Pedro 1.
—Tarcísio Meira? Você voltou?
Fumaça. O cigarro esquecido incendiava as primeiras poltronas.
O passado nem sempre volta.
Mas é com sonhos que se constrói o maior império.