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Voltaire de Souza

Medo. Brincadeira. Superstição.
Aconteceu num bairro do Recife.
Uma boneca sentadinha na encruzilhada.
Puseram lá para assustar a bandidagem.
É a Boneca do Mal.
Muita gente não quer nem passar por perto.
O entregador Givan era um desses casos.
—Eu, hein. Coisa de macumba. Com certeza.
O rapaz era evangélico.
—Louvado seja o nosso senhor Jesus.
Sua alma simples se enchia de gratidão.
—Orei muito para conseguir essa moto.
Givan trabalhava mais de dezesseis horas por dia.
—E a empresa nem dá máscara para gente.
O risco de contaminação era grande.
—Fico andando de um lado para outro…
O dono da Motofrete Vai com Deus não se preocupava nem um pouco.
—Essa coisa de Covid é pura besteira.
Ele se chamava Luizinho Capitão.
—Pandemia é como encomenda. Quem pegar, pegou.
A moto de Givan se aproximou da encruzilhada sinistra.
—Olha aí a boneca… Deus do céu.
A visão do rapaz se turvou no medo e na exaustão.
Veio a vozinha infantil.
—Quelo jeçãozinha da Pifaize… no bacinho dileito.
A moto colidiu num muro de concreto.
A fé, por vezes, pode ajudar.
Mas o que conta mais é manter o olho vivo.

Medo. Brincadeira. Superstição. - Unsplash

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