Descrição de chapéu Zona Sul

Ciclofaixa inacabada na zona sul de São Paulo oferece riscos, dizem ciclistas

Local, na rua Luís Góis, que prefeitura paulistana cita em mapa como entregue, nunca ganhou faixa vermelha e tachões de proteção

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São Paulo

Um grupo de ciclistas reclama que a Prefeitura de São Paulo, gestão Ricardo Nunes (MDB), começou a implantar uma ciclofaixa na rua Luís Góis, na Vila Mariana (zona sul da capital paulista), no início deste ano, porém parou a obra pouco depois.

No local, há placas indicando a circulação de bicicletas e proibindo carros, e faixas amarelas separadoras no chão. Contudo, ainda não existe uma faixa lateral vermelha no espaço de circulação e nem tachões.

Sem a faixa vermelha, ciclistas fizeram marcas no chão de ciclofaixa na vila Mariana, na zona sul da capital paulista - Rivaldo Gomes/Folhapress

O local consta no atual Mapa de Infraestrutura Cicloviária da CET ​(Companhia de Engenharia de Tráfego) como inaugurado em 2 de fevereiro passado e com cerca de 2 km de extensão.

Segundo ciclistas, a via não é respeitada pelos motoristas, que param seus veículos no local para desembarque e até mesmo para estacionar.

“A estrutura incompleta encoraja muita gente a estacionar sobre a ciclovia e isso obriga a gente a desviar pelo meio dos carros, o que é muito perigoso”, diz Estevão Laurito, 46 anos, ciclista que mora na região.

Os ciclistas chegaram a pintar alertas para "sinalizar o local" e frases de protestos no chão, como "ciclovia sim" e "menos carro, mais bike".

A ciclofaixa da rua Luís Góis, sugerida por moradores e ciclistas em 2015, foi discutida em três reuniões na prefeitura entre 2015-2018, acabou aprovada em uma audiência pública em março de 2018, passou por um workshop na Secretaria de Mobilidade e por outra audiência específica do Plano Cicloviário, no primeiro semestre de 2019, para finalmente ser sinalizada em janeiro de 2021.

A implantação da sinalização pela gestão municipal, porém, foi interrompida pouco tempo depois, mas a prefeitura colocou o local oficialmente como pronto e o inaugurou em fevereiro deste ano, faltando apenas um trecho de duas quadras entre a rua Primeiro de Janeiro e a rua Domingos de Morais.

Carros costumam parar na ciclovia na rua Luís Góis (zona sul da capital paulista), que não teve sua implantação finalizada pela Prefeitura de São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress

O assunto foi retomado apenas em abril deste ano em uma audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo, convocada pelo vereador Aurélio Nomura (PSDB).

O parlamentar afirma que foi chamado por moradores e comerciantes locais, que pediram a retirada da via para ciclistas, alegando prejuízos a seus estabelecimentos, pois ela teria acabado com a possibilidade de estacionamento na via e prejudicado o acesso de clientes e fornecedores.

Contudo, desde então, segundo os ciclistas, nenhuma decisão foi tomada a respeito e a obra ficou pela metade. “É desrespeitoso”, afirma Thomas Wang, 26 anos, integrante do coletivo Bike Zona Sul.

Para os ciclistas, a ciclofaixa neste local é importante pela rua Luís Góis ser uma ligação com outras ciclovias e regiões da cidade de São Paulo, e por se tratar da rua local com melhores condições topográficas para o trânsito de bicicletas.

O vereador Nomura diz que propôs uma solução para o caso. “Você vê pouca gente passando por aquela ciclovia, quase ninguém. Por isso, se propôs que ela fosse remanejada para a rua 11 de Junho, que dava continuidade na rua Padre Machado. A alternativa seria viável e resolveria o problema dos comerciantes e moradores”, afirma o parlamentar.

“Outra alternativa seria usar a rua Guapiaçu, que já conta com uma ciclovia. Ela precisa ser repintada e reparada, mas você economizaria toda a condição”, ressalta o vereador, que diz que não acompanha mais o caso atualmente.

Segundo Estevão Laurito, a ciclofaixa na rua Luís Góis é pouco usada por falta de segurança e o término de sua implantação seria essencial.

“Por enquanto essa ciclovia ainda não faz totalmente parte do hábito dos ciclistas, porque representa uma segurança ‘pela metade’. Ela poderia atrair milhares de ciclistas por dia e ainda ajudaria a fomentar o comércio local”, afirma o ciclista.

Resposta

Em nota, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) afirma que está avaliando os apontamentos sugeridos para verificar a melhor forma de viabilizar a continuidade do projeto.

“É importante enfatizar que a prefeitura mantém o diálogo aberto com a sociedade para que todos sejam ouvidos e beneficiados”, diz a companhia da gestão Ricardo Nunes (MDB) em nota.

Regras

Segundo a própria CET, "desde 30 de junho de 2008 a cor vermelha é indicada em todas as ciclovias implantadas nas vias públicas do território nacional", segundo determinação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito),

De acordo com o manual da companhia de trânsito, há dois padrões a serem seguidos:

  • No primeiro, "a delimitação do espaço cicloviário é caracterizada pela pintura vermelha de toda a largura útil destinada à circulação de ciclos, acompanhando sempre as marcas longitudinais"
  • No segundo, "a delimitação do espaço cicloviário é caracterizada por uma linha interna vermelha acompanhando as marcas longitudinais"

Diferenças

Ciclovia

  • Pista de uso exclusivo de bicicletas e outros ciclos, com segregação física do tráfego comum​

Ciclofaixa

  • Parte da pista de rolamento, calçada ou canteiro destinada à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização específica

Calçada Compartilhada

  • Espaço sobre a calçada ou canteiro central, destinado ao uso simultâneo de pedestres, cadeirantes e ciclistas montados, com prioridade do pedestre, desde que devidamente sinalizado
  • Esta situação é regulamentada pelo Art. 59 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) e só ocorre quando o volume de pedestres é pequeno e a calçada não tem largura suficiente para acomodar uma ciclovia ou uma ciclofaixa

Ciclorrota ou rota de bicicleta

  • Via com velocidade máxima reduzida, características de volume de tráfego baixo e com sinalização específica, indicando o compartilhamento do espaço viário entre veículos motorizados e bicicletas, criando condições favoráveis para sua circulação, interligando ciclovias, ciclofaixas e pontos de interesse

Ciclofaixa operacional de lazer

  • Faixa de tráfego situada junto ao canteiro central, ou à esquerda da via, totalmente segregada do tráfego lindeiro por elementos de canalização como cones, supercones ou cavaletes, dotada de sinalização vertical e horizontal regulamentando o seu uso, com funcionamento aos domingos e feriados nacionais, das 7h às 16h

Fonte: CET

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