Um enorme buraco de mais de 10 metros de profundidade na ciclovia da avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, na altura do número 1350, no Brooklin (zona sul da cidade de São Paulo), recebeu uma “celebração” após completar um mês de existência na noite desta quarta-feira (6). A ideia foi do Bike Zona Sul, coletivo formado por cicloativistas que denunciaram o problema em setembro deste ano.
O "CicloAtivismo Festivo", denominação que o coletivo dá para a forma de protesto que comemora o aniversário de obras não concluídas ou defeitos nas vias, contou com cerca de 25 pessoas, que levaram bolo para o parabéns, doces e balões de festa, além de cartazes com frases de protesto e os rostos do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do secretário municipal de Mobilidade e Transportes da capital paulista, Ricardo Teixeira (DEM).
“O engraçado é que na manhã seguinte, os balões que deixamos nos cones de sinalização foram retirados pela prefeitura. Não ficaram nem 10 horas no lugar. Enquanto isso, o buraco segue lá”, diz Thomas Wang, 26 anos, primeiro integrante do coletivo.
A ciclovia da Berrini é um dos principais eixos cicloviários de ligação da zona sul da capital paulista com as ciclovias da zona oeste e da região central da cidade. Além do principal, outros quatro pontos da mesma ciclovia também estão com buracos.
“É um combo de problemas”, afirma Paulo Alves, 37 anos, fundador do Bike Zona Sul. “A ciclovia da Berrini é um eixo fundamental da cidade e conta com muitos problemas, como falta de iluminação e preservação, além da falta de conectividade mesmo”, completa.
A ciclovia não chega à Ponte Laguna pela nova avenida Cecília Lottenberg, que não recebeu estrutura cicloviária em boa parte de sua extensão. No local, um túnel para carros que também está inacabado e acabou tomando todo o espaço do viário, impedindo a finalização da ciclovia e do corredor de ônibus que deveria existir na nova avenida.
Segundo Felipe Coutinho, 25 anos, gestor de projetos, que mora no bairro e usa constantemente a ciclovia, os buracos são um grande problema.
“A ciclovia da Berrini é meu caminho de escolha constante, inclusive porque meus familiares moram na zona sul”, diz. “Mas o buraco piorou o problema, pois temos que até mesmo andar na contramão da ciclovia”, ressalta.
Logo depois da denúncia do coletivo, no dia 5 de setembro, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) cercou o local com cones e grades. Outra grande reclamação dos ciclistas é que essa sinalização não indica o local por onde eles podem passar, já que o buraco impede o tráfego.
“Já tem pessoas que estão indo direto pelo corredor de ônibus para desviar do trajeto todo, o que é mais preocupante ainda. O risco de ter um atropelamento fatal é muito alto”, destaca Thomas Wang.
Logo que o problema foi apontado pelo Bike Zona Sul, o secretário municipal de Mobilidade e Transportes da capital paulista, Ricardo Teixeira, comentou uma postagem nas redes sociais e escreveu. “Conforme informamos, foi acionada a Subprefeitura e a Siurb para os reparos. A CET já sinalizou o local desde o fim de semana”, afirmou.
Já o prefeito Ricardo Nunes respondeu a uma postagem da cicloativista e uma das principais lideranças em defesa da bicicleta na cidade, Renata Falzoni. "Obrigado por informar. Vou pedir providências", respondeu o político.
Paulo Alves, fundador do coletivo em 2013, disse que vê a bicicleta como uma solução para a agitada metropole. “Enxergamos a bicicleta como uma solução para o problema do deslocamento na cidade, porém, quando começamos a realmente usar a bicicleta percebemos todos os problemas”, enfatiza.
Resposta
Em nota à reportagem, a Prefeitura de São Paulo, gestão Ricardo Nunes (MDB), por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito, afirma que já vistoriou o local para a realização dos reparos, mas não deu uma previsão. “O local permanece sinalizado”, diz.
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