Óleo de soja dispara mais de 90% na capital em 12 meses; cesta básica sobe 19,09%

Produto foi o que mais subiu segundo dados do IPC-Fipe até março

São Paulo

Segundo dados do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) feito pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), as variações de alguns itens da cesta básica pesaram no bolso dos moradores de São Paulo.

Os produtos que mais chamam a atenção são o óleo de soja, que registrou um aumento de 91,88% no acumulado de 12 meses até março na cidade de São Paulo, e o arroz, que no mesmo período, subiu 63,22%.

O preço geral da cesta básica na capital teve um aumento médio de 19,09% em 12 meses até março deste ano.

Óleo teve alta de 91,88% nos últimos 12 meses até março, segundo a Fipe - Rivaldo Gomes/Folhapress

No caso do óleo de soja, apesar da queda de 1,53% no mês de março e de 5,06% desde o início de 2021, o preço do produto segue em alta.

Segundo especialistas, os aumentos são reflexo da alta demanda do mercado internacional. Além disso, como vender para o exterior é mais vantajoso com o dólar em alta, os fabricantes preferem exportar.

“O grande impulsionador de preços do ano passado e que se estendeu para este ano foi o câmbio, que era de R$ 4,20 no começo de 2020 e que foi para mais de R$ 5,70, ao mesmo tempo que existe uma grande demanda por proteína e óleo de soja”, diz Guilherme Moreira, coordenador do IPC-Fipe.

Tratado como item essencial, o óleo de soja entrou em listas de itens básicos que entraram em promoção em supermercados, como Carrefour e Extra. Contudo, em algumas lojas, pode haver limitação da quantidade do produto por pessoa.

Além do câmbio, outro fator que contribuiu para o aumento do óleo de soja foram os preços das commodities. “Os ambientes e as variações observadas no Brasil estão coerentes com as variações observadas no cenário externo, que é um aumento de preços das commodities de uma forma geral em virtude de uma maior demanda”, comenta Lucilio Alves, professor e pesquisador do Cepea/Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) na área de grãos, fibras e amidos.

Já o arroz, que está dentro do grupo de cereais que, no geral, subiu 43,59% no acumulado de 12 meses, também apresenta uma alta grande, de 63,22%, nesse mesmo período. “Reflexo de um mercado internacional mais demandante, aumentou o preço internacional e no Brasil ainda temos um descolamento da taxa de câmbio”, comenta Lucilio Alves.

Outro grupo com variação foi o de proteínas: carnes bovinas (31,62%), suínas (31,74%), aves (20,96%) e pescados (15,34%). Os cortes de carnes bovinas mais consumidos pelas famílias de baixa renda tiveram grande alta: coxão duro (37,72%), acém (36,25%) e músculo (38,76%).

“Você tem um desequilíbrio de oferta e demanda. Uma demanda aquecida, o câmbio favorável que puxa muito a exportação e a conta chegou para o consumidor aqui no Brasil, que foi muito prejudicado”, comenta o coordenador do IPC-Fipe.

“Ao contrário de outros itens que você expande a produção rapidamente, a expansão da produção de carne demora. E não é só a carne bovina, mas também as suínas, as aves, todas subiram. Reflexo dessa demanda externa aquecida”, completa Guilherme Moreira.

Outro fenômeno interessante é que o preço dos cortes de segunda estão se aproximando dos de primeira, já que o consumo destes diminuiu durante a pandemia.

“A demanda por carnes de primeira caiu pelo alto valor e os preços das carnes de segunda e de primeira estão se aproximando. Tem uma demanda alta da carne de segunda e o valor sobe”, diz Moreira.

Mesmo assim, carnes mais nobres subiram de preço: alcatra (26,28%), filé mignon (27,53%) e picanha (30,14%).

As únicas baixas foram com os legumes, que no acumulado de 12 meses tiveram queda de 9,56%. O produto que mais caiu de valor foi o tomate, com redução de 26,34%. A principal causa foi o enfraquecimento da demanda, com o isolamento social e a menor comercialização dos produtos.

Aumento de preços | Cesta básica do paulistano

  • Dados do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostram que alguns itens da cesta básica variaram mais de 90% no acumulado de 12 meses até março na cidade de São Paulo

Maiores altas

  • A maior alta acumulada desse período foi do óleo de soja, com 91,88% de aumento, e do arroz, com 63,22%
  • O preço geral da cesta básica na cidade de São Paulo teve um aumento médio de 19,09% em 12 meses

Principais motivos

  • Segundo especialistas, as altas de preços são reflexo da alta demanda do mercado internacional
  • Além disso, como vender para o exterior é mais vantajoso com o dólar em alta, os fabricantes preferem exportar
  • Outra implicação é que a soja é uma commoditie e também é afetada diretamente pela alta do dólar

Óleos

  • Os óleos, em geral, subiram 63,76% no acumulado dos últimos 12 meses até março
  • No caso do óleo de soja, a alta foi de 91,88% no período;
  • No entanto, entre fevereiro e março, houve queda de 1,53% no valor do item e recuo de 5,06% desde o início de 2021, o que pode demonstrar volta a uma certa estabilidade de preços
  • O óleo de milho também registrou alta de 47,62%

Veja a variação de preços do óleo nos 12 meses até março

Item Percentual
Óleos em geral 63,76
Óleo de soja 91,88
Óleo de milho 47,62
Óleo composto 21,14
Óleo de girassol 45,91
Azeite de oliva 15,43

Confira o valor do óleo de soja em alguns supermercados*

  • Produto pesquisado: óleo de soja Concordia 900ml
Local Preço (em R$)
Tenda Atacado 7,09
Carrefour 7,45
Pão de Açúcar 7,49
Extra 7,99
Ponto Frio 7,99

*A pesquisa foi feita pela internet no dia 23 de abril de 2021

Cereais também têm subido

  • Os cereais também apresentaram alta nos últimos 12 meses até março
  • O aumento geral foi de 43,59%
  • No período de 12 meses, o que mais subiu o foi arroz, com aumento de 63,22%
  • O feijão acompanha a alta, com 23,52% no acumulado
  • O milho foi o que menos subiu, mas apresentou elevação de 9,13%

Veja a variação de preço dos cereais em 12 meses até março

Item Percentual
Cereais 43,59
Arroz 63,22
Feijão 23,52
Milho 9,13

Carnes

  • O brasileiro tem sentido o peso do valor da carne na hora da compras
  • Muitos deixaram de consumir o item diariamente
  • O movimento de alta se dá por causa da pouca disponibilidade de animais prontos para o abate, além do reaquecimento das exportações brasileiras de carne bovina
  • Outro ponto é que, pela baixa saída dos cortes de primeira, os cortes de segunda subiram e os valores se aproximaram dos de primeira
  • As carnes bovinas tiveram um aumento de 31,62% no acumulado de 12 meses até março
  • No mesmo período, as carnes suínas subiram 31,74%, aves, 20,96%, e os pescados, 15,34%

Veja a variação de preço em 12 meses até março

Carnes bovinas Percentual
Item
Carnes em geral 31,62
Coxão mole 29,4
Alcatra 26,28
Patinho 33,56
Coxão duro 37,72
Músculo 38,76
Acém 36,25

Demais tipos de carnes

Item Percentual
Carnes suínas 31,74
Aves 20,96
Frango 21,44
Pescados 15,34
Linguiça 38,31
Salsicha 21,33
Derivados de carne 27,06

Legumes

  • As únicas baixas foram com os legumes, que no acumulado de 12 meses tiveram queda de 9,56%
  • A principal causa foi o enfraquecimento da demanda, com o isolamento social e a menor comercialização dos produtos

Veja a variação do preço de alguns legumes no acumulado de 12 meses até março

Item Percentual
Legume em geral -9,56%
Tomate -26,34%
Cenoura -16,10%

Fontes: Lucilio Alves, professor e pesquisador do Cepea/Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) na área de grãos, fibras e amidos; Guilherme Moreira, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas); pesquisa IPC/ Fipe; e Procon-SP.​

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