Os artistas plásticos Paulo Terra e Edy HP realizam no Campo Limpo (zona sul de São Paulo), uma homenagem à cantora Marília Mendonça, morta após um acidente aéreo na última sexta-feira (5).

Trata-se de um painel com 23 metros de largura por seis de altura que traz o rosto da cantora e pode ser visto na altura do número 4.000 da estrada do Campo Limpo.

O trabalho, que começou a ser realizado no sábado (6), ainda não tem data certa para ficar pronto, embora a previsão é que ele possa ser concluído ainda nesta quarta (10). A ideia inicial, segundo Terra, era a de que ele tivesse sido terminado já nesta terça (9).

"Mas as pessoas param para vir tirar foto e temos que parar o nosso trabalho muitas vezes para atender as pessoas, os jornalistas. É difícil dar uma previsão, mas espero concluir até amanhã [quarta]", explica. Edy HP também se surpreendeu com o público. "A comoção é grande. Estamos abismados. É muita gente tirando foto. Não para", reforçou o artista.

Mesmo com o trabalho não concluído, a aceitação já é muito boa, diz Terra. "Tem um posto de gasolina em frente ao mural e do nada a gente vira e é incrível como tem um monte de gente ali fazendo fotos e olhando o painel. Parece que a gente trouxe a Marília Mendonça meio que ao vivo assim para cá para as pessoas tirarem foto."

A cantora será a quarta pessoa a ser retratada neste muro, que pertence a uma loja de colchões e já era bastante utilizado pelos artistas. Ao lado de Edy HP, que o acompanha há sete anos em seus trabalhos, Terra pintou personagens do filme de heróis da Marvel, Os Vingadores, Silvio Santos (apresentador de televisão), além do trio Alexandre Pires, Seu Jorge, e Edi Rock (escolhidos em homenagem ao Dia da Consciência Negra).

O primeiro processo, caso o local já tenha alguma pintura, é pintar o muro de branco. Depois a parede é medida e com uma foto escolhida de quem será representado é feita uma medição. "A gente quadricula a imagem e a mesma quantidade de quadros que temos nesta imagem transportamos para o mural", conta Terra. Por fim, a dupla utiliza a técnica conhecida como ampliação.

Sobre a escolha da imagem, Terra diz ter optado por uma foto mais antiga da cantora.

"Eu estava vendo algumas imagens dela que estavam bem mudadas. Ela fez algo meio facial e aí ela mudou bastante. Teve algumas fotos que eram superproduções também de maquiagem e cabelo e eu achei que saiu um pouco dela, da Marília Mendonça que a gente conhece."

Para o artista, a imagem escolhida foi a que marcou mais para o público. "As pessoas batem o olho e já sabem que é a Marília Mendonça. Se eu tivesse feito uma imagem dela mais atual, as pessoas ficariam mais confusas e iam perguntar: 'é a Marília Mendonça?'", acrescentou.

Na visão de Terra a ideia foi optar por uma imagem que a identificasse logo de cara. "Eu sou uma pessoa bem detalhista nos meus traços. Alguns colegas deixam meio caricato, mas eu fico preocupado com isso de trazer a realidade da foto. Gosto de transmitir a imagem que está na minha mão para a parede", concluiu Terra, que já pintou outros artistas que também morreram como os cantores Chorão, da banda Charlie Brown Jr., Raul Seixas e Cássia Eller, o ator Paulo Gustavo, entre outros.

Tanto Terra, como Edy dizem ser fãs da cantora. "Acompanho ela desde o lançamento de Infiel", afirma Terra. "Participar deste trabalho está sendo gratificante. Como fã está sendo apenas uma singela homenagem que estou prestando a ela", conclui Edy HP.

Marília Mendonça foi considerada uma das artistas mais populares do sertanejo e a partir de 2016 liderou um movimento dentro do sertanejo chamado "feminejo", que deu mais espaço para as mulheres em um estilo musical considerado bastante machista e dominado, até então, por homens.​