Policial Militar acusado pela morte de NegoVila vai a júri popular em SP

Crime ocorreu há um ano em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista

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São Paulo

A Justiça de São Paulo acatou a denúncia do Ministério Público e resolveu levar a júri popular o sargento Ernest Decco Granaro. O PM é suspeito da morte do artista plástico Wellington Copido Benfati, conhecido como NegoVila, durante discussão em uma rua de Pinheiros (zona oeste da capital paulista), na madrugada de 28 de novembro de 2020.

A juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha Carreiro também decidiu que o sargento deve permanecer preso, "pelos mesmos motivos que ensejaram a decretação e as manutenções de sua custódia, ainda presentes e ora reforçados por essa decisão de admissibilidade da acusação".

Artista NegoVila Madalena, 40 anos, é assassinado em distribuidora de bebidas em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Foto:Arquivo pessoal

Procurado, o advogado do PM, o criminalista Decio Alexandre Taveira alegou ter visto como correta a decisão da Justiça. "A decisão tomada pelo magistrado foi acertada, tendo-se em conta o que a denúncia narra sobre os fatos. Em situações dessa natureza o Tribunal do Júri é o local correto para o julgamento. Agora, nesta nova fase processual, o sargento Decco terá a oportunidade de provar a sociedade quem é verdadeira vítima", afirmou.

NegaVila tinha 40 anos quando foi assassinado. Ele recebeu um único tiro na região do tórax. O crime ocorreu após uma suposta confusão entre o PM, que estava de folga, e o artista plástico, em frente a uma distribuidora de bebidas na esquina entre as ruas Inácio Pereira da Rocha e Deputado Lacerda Franco, a poucos metros do 14° DP (Pinheiros).

O artista estava reunido com um grupo de amigos, assim como o policial militar. Em dado momento, segundo a investigação policial, houve uma briga entre as pessoas.

De acordo com testemunhas, NegoVila tentou apartar a confusão entre os dois grupos, mas caiu, foi quando, segundo testemunhas, o PM foi em sua direção e atirou. Socorrido ao PS da Lapa, Nego Vila não resistiu aos ferimentos provocados pelo tiro e morreu.

Policiais militares que estavam na delegacia ouviram o disparo e encontraram o sargento Ernest Decco Granaro, que foi desarmado e conduzido ao DP.

Preso em flagrante, ele segue detido no Presídio Militar Romão Gomes (zona norte da capital paulista), há quase um ano.

Segundo o boletim que relatou a ocorrência, o sargento mostrou resistência à prisão, "sendo necessário o uso da força para que fosse contido, culminando-se com um breve algemamento do indiciado", segundo trecho do documento.

O policial suspeito portava uma pistola calibre .40, de propriedade da Polícia Militar, que foi apreendida. Na delegacia, ainda segundo o boletim da ocorrência, o policial disse ter "sido agredido fisicamente e que se defendeu".

O PM afirmou também que enquanto era agredido, um grupo de pessoas que ele não especifica, o cercaram e tentaram tomar sua arma e, por isso, ele diz ter atirado "a fim de repelir a injusta agressão que estava sofrendo".

Após a morte, que causou comoção no bairro da Vila Madalena, local onde o rapaz tinha suas origens, o tradicional beco do Batman, muro colorido por diversos grafites, chegou a ser pintado de preto, num sinal de luto e pedido de justiça. Pouco tempo depois, novas intervenções foram feitas, algumas em homenagens a Nego Vila.

O Agora conversou com a irmã da vítima, enfermeira Tatiane Benfati, 44, que disse ter ficado aliviada com a notícia. "Nada mais traz meu irmão, mas deu um alívio saber que tem alguma justiça sendo feita". afirmou.

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