Violência. Revolta. Quebra-quebra.
A classe média protesta.
Foi no aeroporto de Guarulhos.
A atendente Juçara trabalhava num guichê de atendimento.
—O senhor tem de aguardar mais um momentinho.
—Mas estamos aqui faz seis horas.
Trancos. Chutes. Xingamentos.
—O voo está cancelado.
Um clima de revolução tomou conta do ambiente.
O gerente Moutinho finalmente apareceu.
—Calma, pessoal. A van já está pronta.
Destino: um dos mais luxuosos hotéis da região.
—Com direito a champanhe de cortesia.
A fila na calçada se organizava aos poucos.
A passageira Irina segurava a frasqueira Louis Vuitton.
—Ué… aquele senhor ali ia embarcar também?
Chinelo. Um saco de plástico. Vários dentes a menos.
—Estava no voo para Cuiabá. A senhora também?
Irina respondeu que sim.
O ancião entrou na van sem dar sinal de raiva.
—Beleza. Mas faço questão de suíte executiva.
Só dali a três dias ele foi retirado do Nuage Palace Hotel.
Tratava-se do Seo Dadá.
Conhecido sem-teto das imediações.
—Posso levar comigo o sabonetinho?
Achar lugar num avião é difícil.
Mas também os mendigos podem ter seu dia de upgrade.