O que é um estádio, se não tiver as arquibancadas lotadas de torcedores com as camisas de seu time, a gritar e cantar? Para que serve um campo de futebol sem 22 jogadores e uma bola?
Inaugurado em 1940, o estádio Paulo Machado de Carvalho —conhecido, em razão do bairro que o hospeda, como o Pacaembu— faz parte da memória afetiva dos paulistanos; lá jogou Pelé, com o Santos; lá o Corinthians conquistou o título da Libertadores em 2012, entre outros momentos históricos do futebol.
Quem hoje vai lá assistir a uma partida possivelmente ficará em arquibancadas onde não há cadeiras nem lugar marcado; poderá se aborrecer com o jogo paralisado devido à queda de energia; enfrentará banheiros precários.
Uma experiência certamente distante da vivida nas arenas de padrão Fifa, tão civilizadas e tão homogêneas ao redor do mundo —e sem alma, dirão alguns.
Os saudosistas vão reclamar do fim da experiência do estádio tradicional, mas é inevitável que o Pacaembu, agora concedido à iniciativa privada, mude.
Reformas necessárias serão feitas: todo o estádio terá cadeiras; a capacidade será reduzida dos atuais 40 mil lugares para 26 mil; um shopping tomará o lugar do chamado tobogã, e a estrutura, que não é tombada, será demolida.
Se é positivo que a prefeitura deixe de ter gastos para operar o Pacaembu, a concessão não responde a uma pergunta que se impõe desde que cada time de São Paulo passou a ter sua própria arena: qual a vocação do estádio municipal?
A nova administradora vai transformá-lo em centro comercial, gastronômico e de eventos. São atrativos, sem dúvida. Mas será que os gritos da torcida vão ficar restritos ao Museu do Futebol?
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