Mais uma década perdida

O Brasil está a pouco dias de terminar esta década mais pobre do que começou. De 2011 a 2020, a economia do país --isto é, a renda disponível para todos os seus habitantes-- cresceu pouco mais de 2%, enquanto a população aumentou quase 9% no mesmo período.

Esse recuo ocorreu também nos anos 1980, que ficaram conhecidos na história como a década perdida. Uma nação com tantos atrasos, carências e desigualdades não pode se dar ao luxo de andar para trás por tanto tempo.

É verdade que as coisas foram piores na primeira vez --quando, além do empobrecimento, havia uma inflação fora de controle que prejudicava principalmente o pessoal de renda mais baixa. O lado bom foi que a crise ajudou a apressar o término da ditadura militar.

Hoje o Brasil é uma democracia e conta com uma economia mais organizada, graças, principalmente, aos avanços dos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 1995 e 2010. A história mostrou, porém, que o país não aprendeu como devia com os bons exemplos.

O desastre desta década começou com os erros da petista Dilma Rousseff, que abandonou a prudência na gestão das contas do Tesouro Nacional e no controle da inflação. A bagunça econômica foi se transformando em turbulência política, até o impeachment.

O onda de protestos de rua de 2013 e a Lava Jato, a partir de 2014, minaram a credibilidade dos governantes. Isso contribuiu para a eleição de um aventureiro despreparado, Jair Bolsonaro, em 2018.

Com o choque da pandemia neste ano, foram embora as esperanças de salvar o que restava da década. Foi azar, mas antes houve várias escolhas erradas.

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