Descrição de chapéu Opinião

Mundo Olímpico: O Brasil se tornar uma potência olímpica é utopia

Perda de espaços esportivos coloca em xeque futuro do país

São Paulo

Quem está na faixa dos 40 ou 50 anos certamente já jogou bola em um campinho de terra perto de casa que hoje dá lugar a casas ou prédios. Conforme o número de habitantes vai crescendo nas grandes cidades, o mercado imobiliário vai abocanhando essas áreas livres e as crianças e jovens ficam cada vez mais presos em casa, jogando vídeo game ou no celular.

Durante a pandemia de Covid-19, o complexo esportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera, recebeu um hospital de campanha; em algum tempo, o espaço deverá ser tomado por empreendimentos imobiliários
Durante a pandemia de Covid-19, o complexo esportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera, recebeu um hospital de campanha; em algum tempo, o espaço deverá ser tomado por empreendimentos imobiliários - Eduardo Knapp - 8.abr.20/Folhapress

Para piorar, as estruturas esportivas também são vistas como caras para se manter, o que tira o interesse de investimentos novos. Com isso, menos e menos crianças têm praticado esportes nos últimos anos. E sem contato com modalidades novas, menos revelações temos e o sonho de o país virar uma potência olímpica se torna impossível.

A notícia de que o governo João Doria (PSDB) vai abrir licitação para privatizar o Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera, é outra ducha de água fria nos amantes do esporte. Pelo projeto, o ginásio do Ibirapuera, o grande palco do vôlei e do basquete paulistanos, construído nos anos 1950, deve virar um shopping center.

A contrapartida “esportiva” é a construção de uma arena multiúso para 20 mil pessoas em algum lugar do terreno. Segundo o governo, a cidade está carente de uma estrutura como essa.

A questão, porém, é que para ter essa arena, a cidade vai perder muitas outras estruturas esportivas, além do alojamento do Projeto Futuro. Atualmente, o complexo de 91 mil metros quadrados possui, além do ginásio, um estádio para futebol, atletismo e rúgbi, o ginásio Ícaro de Castro Melo, que é dedicado ao judô, um complexo aquático com piscina olímpica, tanque de saltos e arquibancada, quadras de tênis, duas quadras cobertas e canchas de bocha.

A licitação ainda vai ser realizada e alguns interessados até se propuseram a manter parte da estrutura atual, apenas modernizando. Mas, conhecendo como funciona a luta por espaço na cidade, quem deve vencer a disputa é uma grande construtora, que vai erguer vários prédios e deixar a arena num canto qualquer.

Claudinei Queiroz
Claudinei Queiroz

48 anos, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, pós-graduado em Gestão de Marketing pelo Centro Universitário Senac e tecnólogo em Gestão do Esporte pela Universidade São Marcos. E-mail: claudinei.queiroz@grupofolha.com.br

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