Barbárie no Ceará
Adolescentes de bairros pobres têm sido vítimas de tortura e de assassinatos por facções
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Não bastassem a pobreza e as deficiências na educação, na saúde e nos transportes, os jovens das periferias do Brasil são obrigados a enfrentar uma violência muitas vezes inimaginável.
Nos últimos anos, adolescentes de bairros pobres têm sido vítimas de tortura e de assassinatos cruéis por membros de facções que atuam no Ceará.
O fenômeno tomou tal proporção que influencia até as estatísticas. Em Fortaleza, as mortes de meninas de 10 a 19 anos subiram 90% entre 2017 e 2018, enquanto que entre os garotos de mesma idade o total de homicídios caiu 35%.
Ainda que, no geral, o número de assassinatos venha caindo no Ceará, o estado é um dos mais violentos do país. Isso se explica pela disputa entre as facções envolvidas com o tráfico de drogas.
As mortes das adolescentes cearenses são frequentemente “decretadas” nas redes sociais, em grupos em que suas fotos são divulgadas com instruções em códigos para que sejam capturadas e mortas. A barbárie é tanta que às vezes também são expostas imagens de seus corpos após os crimes.
Trata-se de uma clara mensagem das facções de que o terror que elas impõem à população não conhece limites.
A linguagem usada nessas postagens deixa claro que as garotas não são só vítimas eventuais dos confrontos entre essas quadrilhas. Sobram comentários machistas e depreciativos à condição feminina, deixando claro que as gangues também se acham no direito de policiar o comportamento das meninas.
O governo do Ceará não deve se contentar apenas com a queda dos homicídios, mas sim tomar medidas urgentes contra a selvageria a que essas jovens, já tão vulneráveis, estão sendo submetidas.