Rodoanel sem norte
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Mais de uma irregularidade grave por quilômetro: esse é o resultado da auditoria do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) no trecho norte do Rodoanel, que encontrou ao todo 1.291 problemas —dos insignificantes aos preocupantes— no espaço de 44 km que ainda não está pronto e deveria fechar o contorno rodoviário da Grande São Paulo.
Entre os 59 problemas sérios há pilares desaprumados, túneis com infiltração, erosão de taludes e trincas no revestimento final da pista. Para que o anel rodoviário possa ser aberto para circulação de veículos, essas falhas obrigatoriamente têm de ser reparadas, por questão de segurança dos usuários.
Todos os números são grandes nessa via que se tornou o símbolo dos governos estaduais tucanos em São Paulo, para o bem e para o mal (mais para o mal).
Duas décadas se passaram na obra arrastada, que teve o primeiro trecho entregue em 2002 —o oeste. A seção norte da obra é exemplo de incompetência: a construção começou em 2013 e deveria terminar em fevereiro de 2016, mas só 87,5% dos trabalhos estão concluídos.
Foram enterrados lá, até o momento, R$ 7,3 bilhões. Para corrigir falhas e acabar o serviço, outros R$ 2 bilhões podem ser necessários. O Ministério Público Federal calcula em meio bilhão de reais o prejuízo por superfaturamento e paralisia de serviços das empreiteiras.
A não ser que se reeleja em 2022, Doria também terá dificuldade para concluir esse monumento à má gestão e à corrupção. Quando o Rodoanel ficar pronto, as avenidas marginais de São Paulo poderão livrar-se de até 40% do transporte de carga que as congestiona. Mas o contribuinte paulista ainda tem muitas razões para desconfiar dessa chance.