Alagados e sem isenção

As chuvas que castigaram São Paulo no domingo e na segunda (9 e 10) fizeram com que mais uma vez muitos paulistanos perdessem seus bens --carros, móveis, roupas e eletrodomésticos. Moradores de bairros como Vila Leopoldina, Vila Itaim, São Miguel Paulista e tantos outros viram a enxurrada levar suas coisas sem ter a quem recorrer.

Quem amargou esse prejuízo pode ao menos pedir a isenção do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), aliviando o bolso no ano seguinte às enchentes.

Reportagem do Agora mostrou, no entanto, que não é tão fácil conseguir esse direito. Moradores do Ipiranga, bairro na zona sul de São Paulo que ficou destruído por enchentes em março do ano passado, receberam o boleto do imposto com o valor cheio neste ano.

A gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) havia prometido na época a isenção, tendo até publicado um decreto em que declarava situação de emergência em 98 vias públicas atingidas.

Depois da publicação da reportagem, a prefeitura anunciou que tornaria sem efeito as notificações de tributo às famílias do Ipiranga que haviam pedido a isenção. Como disse o próprio prefeito, não é justo que a população tenha de pagar porque o poder público não fez seu trabalho de analisar os processos a tempo. Quem já pagou ainda terá o transtorno de pedir a restituição.

Espera-se que a situação não se repita quando chegarem os boletos do IPTU de 2021 para aqueles cujas casas e pertences foram destruídos pelas chuvas deste fevereiro --a prefeitura tem de agir para que quem já perdeu tanto não tenha de perder também seu sossego e seu tempo só para não precisar pagar mais do que deve.

A pedagoga Renata Aparecida Barbosa Victor, 41 anos, que teve o apartamento no Ipiranga (zona sul da capital paulista), atingido pela enchente, com o carnê de IPTU nas mãos - Rubens Cavallari/Folhapress

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