Tormenta paulistana

Ao longo das últimas décadas, cada governador e prefeito da região metropolitana teve alguma parcela de responsabilidade na rotina de inundações, que voltaram a dar as caras neste verão. 

Os motivos são conhecidos: estímulos ao crescimento desordenado da Grande São Paulo, ocupações em áreas de várzea, soterramento de córregos e retificação de rios, impermeabilização do solo e destruição de áreas verdes. 

As autoridades precisam se comprometer o quanto antes com um plano de longo prazo. É necessária uma ação conjunta entre governo e prefeituras.

Uma reforma urbana levará décadas, mas há o que se fazer de imediato. É possível, por exemplo, melhorar os alertas à população, de modo que os carros não se encaminhem para áreas alagadas e que as casas dos mais pobres não sejam soterradas ou inundadas.

A construção de mais piscinões será inevitável, assim como a reforma de galerias ou o aprofundamento das calhas dos rios. Obras vêm sendo executadas, mas fica a dúvida se no ritmo adequado. Satisfatório, obviamente, não é.

Novas leis foram criadas para tentar conter a chuva e reduzir áreas concretadas e asfaltadas, mas o resultado é mínimo. São Paulo precisa de um grande projeto socioambiental, que trate do uso responsável da terra e da água e que retire as famílias das áreas de risco, oferecendo moradia digna. Precisa de um plano para coleta, destino e reciclagem do lixo, um agravante das enchentes.

Na ausência de projetos de impacto, que realmente possam mudar o cenário caótico de todo verão, o debate continuará limitado a discussões rasas sobre a construção de um ou outro piscinão ou limpeza de bocas de lobo.

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