Medo e prontidão
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A pandemia do novo coronavírus despontou na China na virada do ano. No Brasil, só há duas semanas o assunto assumiu a devida condição de emergência sanitária sem precedente.
Sendo assim, é encorajador o resultado apontado pela mais recente pesquisa do Datafolha, que mostra uma população consciente da gravidade da crise.
Mais que isso, neste momento os brasileiros parecem entender que mudanças radicais nos seus hábitos cotidianos serão uma imposição pelo bem coletivo. Segundo o levantamento, 73% admitem a possibilidade de quarentenas para retardar a disseminação do vírus.
Entre todas as medidas adotadas ou sugeridas por governos, o apoio é amplo: 95% aprovam veto a eventos com mais de cem pessoas, 78%, o isolamento domiciliar, 92%, a suspensão de aulas, e 94%, restrições a viagens internacionais.
Na base está a informação. A quase totalidade (99%) dos entrevistados se diz ciente da pandemia, e 72% se consideram bem informados. A mídia profissional, atacada pelo governo Jair Bolsonaro, é a principal fonte de dados.
Como seria esperado, a Covid-19 assusta. Temem a infecção 74% dos brasileiros --e 36% dizem ter muito medo. A situação é considerada muito séria por 88%.
A conscientização tem seus limites: 12% ainda acreditam que não correm risco de ser contaminados. Para piorar, esse número sobe para 19% entre os idosos, justamente os mais vulneráveis.
Tudo considerado, nota-se um estado de temor, sim, mas também uma atitude de prontidão e boa vontade --que precisa receber a contrapartida adequada das autoridades constituídas na forma de amparo aos carentes, decisões na hora certa, empatia e liderança.