O rápido avanço do novo coronavírus empurrou Jair Bolsonaro para o isolamento político. Ficaram evidentes o despreparo do presidente para lidar com a emergência e sua falta de empatia com as aflições da população.
Poucos dias após classificar a pandemia como uma fantasia, Bolsonaro finalmente reconheceu a gravidade da situação ao reunir seu ministério para uma entrevista coletiva na quarta-feira (18).
De pouco adiantou. A exposição das medidas adotadas para combater a calamidade foi confusa, sem falar do vexatório uso inadequado das máscaras, falha que se repetiu nesta sexta (20).
O próprio Bolsonaro falou em histeria em vez de se concentrar sobre o que é preciso fazer para reduzir o impacto do inevitável aumento de pessoas infectadas nas próximas semanas.
Por três dias seguidos, Bolsonaro virou alvo de furiosos panelaços nas principais capitais do país. Houve protestos até onde ele venceu as eleições presidenciais de 2018 com ampla margem de votos sobre os adversários, como São Paulo.
Mesmo nas redes sociais, onde surfa como poucos, o presidente viu seu capital político encolher. Bolsonaristas e agitadores, como o escritor Olavo de Carvalho, também se distanciaram.
Em pronunciamento na internet na quinta (19), Bolsonaro voltou a criticar providências tomadas por vários estados, alertando para as dificuldades que uma paralisia da economia causará.
O presidente parece ser o único a agir como se não tivesse noção de prioridades, da importância de cooperação com outras autoridades e da necessidade de transmitir segurança à sociedade.
Pelo visto, deixá-lo falando sozinho continua sendo a melhor opção.
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