É preciso evitar uma tragédia

Anunciado pelo governo, o pacote de medidas econômicas para enfrentar os efeitos do coronavírus deve ser encarado como providência inicial e bem-vinda, mas, ao que tudo indica, insuficiente.

A enorme maioria dos valores incluídos na conta --R$ 147,3 bilhões em três meses-- diz respeito a antecipações de pagamentos a cargo do governo e adiamentos de cobranças de impostos, sem alterar, assim, o total de despesas e receitas do Orçamento deste ano.

Aposentados e pensionistas do INSS receberão o 13º em abril e maio; o abono salarial será concedido em junho; e o recolhimento ao FGTS fica postergado por três meses, bem como o da parte da União no Simples Nacional.

Além disso, haverá abertura para novos saques de dinheiro do Fundo de Garantia e alívio temporário nas contribuições ao Sistema S. Em nenhum dos casos se mexe com recursos do Tesouro.

Dinheiro novo mesmo representa uma parcela pequena, caso de até R$ 3,1 bilhões para a inclusão de 1 milhão de beneficiários no Bolsa Família --uma ação que já deveria estar em vigor.

Uma medida provisória expandiu gastos com saúde em R$ 5 bilhões, não incluídos na conta da Economia, e há previsão de eliminar impostos sobre produtos usados no combate à Covid-19.

As medidas, como se vê, concentram-se no apoio imediato a idosos, mais vulneráveis ao vírus, e à tentativa de preservar empregos formais. O desafio maior, porém, é como amparar trabalhadores informais e as camadas mais miseráveis.

São eles, afinal, os que correrão riscos mais graves durante os dias, semanas ou meses de paralisia de atividades. Há, pois, uma tragédia social a ser evitada. Que novas providências venham.

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O presidente Jair Bolsonaro, ao lado do ministro Paulo Guedes (Economia), durante cerimônia de lançamento do programa de taxa fixa no crédito imobiliário da Caixa, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 20.fev.20/Folhapress

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