As autoridades sanitárias brasileiras têm, até aqui, lidado relativamente bem com o problema da covid-19. Conseguiram fazer com que informações importantes sobre a prevenção chegassem à população sem desencadear pânico.
Houve planejamento. Até uma lei específica para a epidemia foi aprovada rapidamente. Mais importante, o sistema de vigilância, pelo qual a rede identifica os doentes, confirma o diagnóstico e os isola, parece estar funcionando.
O Brasil, entretanto, já apresenta os primeiros casos de transmissão comunitária, o que indica que a situação pode piorar rapidamente. Nessa fase, ações mais contundentes —e impopulares— vão se mostrando necessárias.
Estamos falando de decisões como suspender aulas, cancelar atividades esportivas e culturais e, eventualmente, até proibir o trânsito de pessoas. Tomá-las no momento correto faz enorme diferença no desenvolvimento do surto.
Aqui há motivos para temer que as autoridades ainda se comportem de modo tímido. Quando o presidente Jair Bolsonaro afirma, sem base nenhuma, que o problema do coronavírus está sendo superdimensionado pela imprensa, dificulta o trabalho de subordinados que precisam tomar decisões técnicas.
Como estamos diante de um vírus novo, sobre o qual pouco se sabe, é importante seguir o princípio da precaução.
A mortalidade não chega a ser preocupante, mas a grande dúvida está no número de pessoas que serão infectadas. Se milhares de pessoas ficam doentes ao mesmo tempo, há uma sobrecarga dos serviços de saúde.
Tudo o que se fizer agora para reduzir o número de casos, portanto, ajuda a evitar um desastre maior mais à frente.
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