Regina e Bolsonaro

O casamento entre a atriz Regina Duarte e o governo Jair Bolsonaro tem pouco mais de uma semana, mas ainda na lua de mel a união já dá mostras de que pode ser abalada por turbulências.

A primeira bronca pública partiu do ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), que criticou a nova secretária de Cultura no Twitter por ter dito em entrevista ao Fantástico que há uma "facção" querendo tomar o seu lugar.

"O uso do termo 'facção' em entrevista, sem nomear seus supostos integrantes, dá a entender que há divisões inexistentes e inaceitáveis em nosso governo", criticou o ministro Ramos.

Na véspera da posse, Regina demitiu seis pessoas que seriam ligadas ao escritor Olavo de Carvalho, da ala bolsonarista mais radical. Essa turma acredita que as políticas culturais do país estão a serviço de uma ideologia de esquerda.

Na segunda-feira (9), o próprio Planalto derrubou a nomeação de uma assistente social --escolha pessoal da secretária-- sem dar maiores explicações. Até um subordinado de Regina, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, publicou no Twitter um comentário irônico dirigido à atriz, que o classificou como um "problema" no governo.

Artista de longa e reconhecida carreira, Regina chefia uma pasta marcada por confusões inúteis, embates ideológicos, medidas autoritárias e sucessivas trocas de comando. Seu antecessor, Roberto Alvim, caiu após repetir trechos de um discurso nazista.

Diante desse histórico deplorável, Regina Duarte parece reunir qualidades para ao menos apaziguar os ânimos e construir um diálogo com o setor cultural. No entanto, como se vê, o sucesso desse casamento não dependerá só dela.

A atriz Regina Duarte e o presidente Jair Bolsonaro, durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

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