É preciso preservar a PF
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O chocante pronunciamento de despedida de Sergio Moro do Ministério da Justiça jogou luz sobre uma velha conhecida da política brasileira: a interferência do governo em órgãos que deveriam atuar com autonomia.
Segundo o relato do ex-ministro, o presidente Jair Bolsonaro queria mudar o comando da Polícia Federal para ter maior acesso a informações. Também se sabe que há investigações que podem complicar sua vida.
Essas apurações são conhecidas: tratam da fábrica de fake news que acompanhou a ascensão do bolsonarismo no país e, agora, sobre os atos golpistas prestigiados pelo presidente em pessoa.
Além disso, tiram o sono de Bolsonaro os casos que envolvem práticas de sua família no Rio, de rachadinhas de verba de gabinete a ligações com milícias.
A autonomia de fato da PF é uma conquista relativamente recente. Foi provada ao longo dos anos do PT no poder, quando, mesmo subordinada a ministros da Justiça que por vezes agiam como advogados do presidente, a entidade apurou inúmeros casos de corrupção.
Em 2018, um diretor-geral simpático às agruras do então presidente Michel Temer (MDB) durou apenas 99 dias no cargo. Apesar deste exemplo virtuoso, é necessário ressaltar que autonomia não significa ausência de controle, prestação de contas e transparência.
Cabe aproveitar a gravidade da situação atual para criar um sistema que garanta as condições necessárias para o trabalho da PF. Um diretor submetido a exame no Senado, a exemplo do que se faz no americano FBI, seria desejável, talvez também com mandato. É uma forma de evitar que a corporação fique sujeita aos interesses dos poderosos.