Sucursal da caserna
Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados
Você atingiu o limite de
5 reportagens
5 reportagens
por mês.
Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login
A confusão desnecessária que opôs o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, e os militares do governo Jair Bolsonaro serviu ao menos para jogar luz sobre a situação absurda do Ministério da Saúde, comandado há dois meses por um interino militar.
Gilmar participava de reunião no sábado (11) quando criticou a participação militar no desastroso combate à pandemia. “O Exército está se associando a esse genocídio”, disse. Os fardados no governo reagiram com exagero às declarações inapropriadas, mas pouco relevantes, do magistrado —talvez por terem sacado o tamanho do problema que têm nas mãos.
Apesar do termo forte (e errado), a fala teria sido logo esquecida caso o Ministério da Defesa não tivesse anunciado um representação contra Gilmar. O vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva, cobrou ainda uma improvável retratação do ministro do STF.
Apesar de o governo Bolsonaro ter um histórico de tensões com o Supremo, não se vê motivo para alarme. Nesta quarta (15), soube-se que o interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, telefonou para Gilmar, que já havia conversado com o próprio presidente.
Pazuello se dispôs a apresentar dados sobre o trabalho da pasta, que hoje emprega mais de duas dezenas de fardados. É missão inglória: o Brasil virou exemplo internacional de fracasso no combate à Covid-19. Os novos casos e mortes não dão sinal de queda. Depois de provocar a demissão de dois ministros, Bolsonaro tornou muito difícil atrair algum profissional qualificado para o posto.
O recente ensaio de crise terá valido a pena se produzir ações concretas. Não tem cabimento o Ministério da Saúde virar sucursal da caserna.