Esquerda capenga

As eleições municipais deste ano representarão o primeiro encontro dos partidos de esquerda com as urnas depois do tsunami político que, em 2016 e 2018, impôs ao então dominante PT e a seus aliados uma sucessão de derrotas.

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Manifestação com partidos e eleitores de esquerda durante a campanha de 2018, na avenida paulista, em, São Paulo - 20.out.18/Folhapress

Além de saudável, a alternância no poder faz parte do jogo democrático. A princípio, nada haveria de tão traumático nas desventuras do petismo —fora, claro, o impeachment de Dilma Rousseff e as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva.

Chama a atenção, porém, que as derrotas passadas, reflexos de uma onda conservadora que não se limitou ao Brasil, ainda provoquem estragos para as forças mais identificadas com a esquerda.

É o que se observa, por exemplo, nas trocas de legenda por parte de prefeitos preocupados com a reeleição ou em fazer o sucessor. Entre 2017 e 2020, PT, PC do B, PDT, PSB e PSOL amargaram baixas consideráveis no comando das prefeituras do país, de 1.084 para 907.

Enquanto isso, agremiações mais ao centro e à direita, casos de DEM, PSD e PP, registraram aumento, de 1.307 para 1.760, no número de prefeitos.

Essas migrações podem ser explicadas, em grande parte, pela atratividade do poder. É natural que as forças municipais busquem alinhamento com as estaduais ou com o governo federal, em busca de mais verbas e chances eleitorais.

Mais espantosa é a incapacidade da esquerda de ganhar importância com o desgaste do governo Jair Bolsonaro, especialmente durante a pandemia.

Agarrados a teses econômicas que quebraram o país e à conversa fiada do golpe contra Dilma, o PT e sua turma terão muita dificuldade em formar alianças e reconquistar eleitores perdidos.

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