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São Paulo

Um episódio recente mostra o quanto a violação da privacidade alheia virou prática corriqueira nos tribunais moralistas das redes sociais.

Uma professora foi exposta e chegou a receber ameaças por andar nua dentro do próprio apartamento, no bairro de Perdizes, em São Paulo.

Moradora coloca faixa na janela após ser fotografada nua por vizinhos, em Perdizes, na zona central da capital paulista - Reprodução

Sem que ela suspeitasse, moradores do prédio vizinho a fotografaram tomando sol e circulando —pelada ou de roupa íntima— na sua residência, e divulgaram as imagens em grupos de WhatsApp.

Ela soube disso quando o zelador do condomínio ao lado procurou funcionários de seu prédio, dizendo que os moradores pediam medidas disciplinares.

O Código Penal proíbe a produção de imagens de nudez sem autorização do retratado, bem como a divulgação delas para terceiros. Com base nisso, a professora não só tomou providências legais como respondeu de forma criativa.

Com a ajuda de uma amiga, produziu um cartaz com os artigos do Código em que se enquadram as ações dos vizinhos e o afixou do lado de fora da sua janela. A imagem, esta legal, circulou como um bem-vindo exercício de cidadania.

Pode-se dizer que o caso acabou bem, mas é alarmante que ele tenha acontecido em primeiro lugar. A atitude deplorável dos vizinhos mostra a normalização de uma falta de pudor em policiar o comportamento privado —e como algumas pessoas se sentem confortáveis e confiantes ao vigiar umas às outras.

Curiosidade sobre a vida alheia sempre existiu, como mostram há muitos anos as revistas de fofoca. Mas só precisa participar desse jogo quem quer.

Espera-se que a reação da professora sirva de lição aos desocupados ávidos por patrulhar a vida íntima dos outros.

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