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Aos poucos o país vai voltando ao normal ­—um normal de descaso diante do sofrimento da população. Chegamos à marca de 100 mil mortos por Covid-19.

O Brasil ocupa o segundo lugar em número de infectados —na casa dos 3 milhões— e mortos, atrás apenas dos EUA, que chegam a 160 mil óbitos (em proporção populacional, já os alcançamos). Como aqui se testa pouco e mal, não é improvável que os superemos.

Vista aérea dos túmulos onde foram sepultadas as vitimas do Covid-19 no cemitério da Vila Formosa, na zona leste de São Paulo - Lalo Almeida - 3.ago.20/Folhapress

A cada sete mortos no mundo, um é brasileiro. A média diária de mais de mil mortos por dia se repete por dois meses inteiros. Não é, não deveria ser normal.

O péssimo desempenho do poder público no enfrentamento da pandemia revolta ainda mais por ser evitável. O primeiro caso no país surgiu dois meses após o vírus se espalhar na China; na primeira morte, em março, a Covid-19 já tinha devastado a Itália.

Os governos tiveram tempo e tinham o SUS a postos para uma reação coordenada. O problema também não foi falta de dinheiro, já que agora se despejam dezenas de bilhões em ajuda emergencial desvinculada de políticas de prevenção.

O maior responsável pela tragédia se chama Jair Bolsonaro. Em vez de liderar uma ação nacional, negou a gravidade da emergência e promoveu aglomerações e falsas terapias, como a cloroquina.

Alguns celebram a suposta chegada de uma imunidade coletiva como chamado para reocupar bares, restaurantes, academias e shoppings —mas não as escolas. Os epidemiologistas descartam que se tenha chegado a esse estágio.

Não há cura mágica nem vacina por ora. Mais que infelicidade, a sina do Brasil é nem mesmo contar com um presidente e um ministro da Saúde efetivo neste momento de luto.

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