Tragédia em Manaus

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Num país que já perdeu mais de 242 mil vidas para a Covid-19, as cerca de 7.000 mortes em Manaus podem parecer pouco. Mas essas vítimas indicam como a pandemia se torna tenebrosa quando governantes a menosprezam.

Só nos primeiros 45 dias de 2021 morreram na capital do Amazonas 3.572 pessoas. Mais que as 3.380 falecidas no ano inteiro de 2020, e o equivalente a 8% do total brasileiro neste ano, embora a cidade abrigue 1% da população nacional.

As atenções e críticas se concentram no Ministério da Saúde e seu bisonho titular, o general Eduardo Pazuello. Com justiça: a pasta foi incapaz de prever e agir para remediar em tempo o colapso no fornecimento de oxigênio para UTIs, que viraram câmaras de asfixia.

Deficiências no setor de saúde dos estados do Norte acumularam-se ao longo de décadas. No início da pandemia, a maioria dos leitos de UTI ficava em Manaus, à proporção de 2,44 por 10 mil habitantes —ante 4,57 na média das capitais.

Às pressas, abriram-se no ano passado 137 vagas de tratamento intensivo. Entre julho e outubro, porém, o governo do Amazonas, chefiado por Wilson Lima (PSC), desativou 117 desses leitos.

Não bastasse essa imprudência, com as UTIs já no limite de 85% de lotação, o governador, após protestos, reverteu a ordem de fechar o comércio da capital nas festas de fim de ano. O resultado trágico hoje todos conhecem.

É fato que o governo Jair Bolsonaro carrega o peso maior das responsabilidades —por desprezar o distanciamento social, propagandear falsas curas e resistir o quanto pôde a planejar a vacinação.

Isso não isenta, porém, governadores e prefeitos. Todos precisam ter suas ações e omissões investigadas com rigor.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (dir.), em visita à Enfermaria de Campanha modelo, em Manaus - Caio de Biasi - 27.jan.21/ Ministério da Saúde

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