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“A maioria não botava fé, mas fomos em frente, trabalhando e acreditando. Não ganhamos a Copa do Brasil por acaso.” Lembrei-me esses dias da frase do artilheiro Sandro Gaúcho, em uma entrevista que fiz com ele, poucos meses depois de o Santo André surpreender o país e faturar a Copa do Brasil.
Em 2004, a equipe comandada por Péricles Chamusca, sem um craque, contava com um grupo de bons nomes, como Júlio César, Alex, Ramalho, Osmar e o próprio Sandro, e saiu batendo os gigantes Atlético-MG, Palmeiras e Flamengo, sempre como azarão, até chegar ao cobiçado troféu nacional, galgando uma vaguinha na Libertadores.
Passados 15 anos, o time se encontra na Série A-2 do Paulista. Ou melhor, às portas da A-1. Novamente, o Ramalhão se classificou na bacia das almas às quartas de final, no confronto direto com a Portuguesa na última rodada.
No mata-mata, depois de perder em casa para o favorito Rio Claro, o time do Grande ABC venceu fora e avançou nos pênaltis. Agora, já fez 2 a 0 no Água Santa, que dominou praticamente todo o campeonato, e complicou a vida do melhor time do torneio.
Na última vez que subiu à elite, em 2016, o roteiro foi semelhante: avançou em oitavo, destronou o líder São Caetano nas quartas e embalou rumo ao caneco, atropelando a todos que haviam ficado à sua frente.
Pelo andar da carruagem, não será surpresa se o Santo André, depois de quase ser eliminado (só fez um ponto contra os dois rebaixados), subir e ainda levantar a quinta taça da A-2, igualando o recorde do XV de Piracicaba, que também segue vivo —disputa o acesso com a Inter de Limeira.
Essa história de renascer das cinzas lembra muito a de um clube multicampeão da América do Sul: o argentino Boca Juniors, que quase todo ano sofre na fase de grupos, vai ao mata-mata no sufoco e, então, coitado de quem vier pela frente.
A camisa azul, definitivamente, carrega a força da fênix.