Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados
Você atingiu o limite de
5 reportagens
5 reportagens
por mês.
Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login
Pau para toda obra, o povão não entende que jogador de futebol não é máquina. Mas, aceitem ou não, atleta é ser humano. Por causa da desumana exigência de hoje, com a velocidade dos movimentos, a intensidade da troca de posições, a obrigatoriedade de atuar em várias posições, de explorar com afinco cada centímetro, tanto na frente quanto atrás, com rapidez e força, os jogadores não têm conseguido atuar duas vezes por semana.
Muita gente, que se lembra que sempre foi assim, com bola rolando quarta e domingo desde o tempo em que Dondon jogava no Andaraí e se amarrava cachorro com linguiça, não entende a mudança de hábito, que hoje a realidade mudou, que a história é outra, que tudo evoluiu e que não é mais possível desempenhar igualmente nos embalos de sábado à noite se o atleta teve outro pega desgastante com 72 horas de antecedência.
Ao contrário do que acredita o público, sempre cruel e míope, não se trata de migué, de má vontade do jogador, mas de limitação física mesmo. A ciência evoluiu e os exames hoje que medem a enzima mostram, de forma científica, que quem pratica o esporte no limite de sua potência pode romper os ligamentos do corpo todo se entrar em campo com tudo de novo sem ter uma semana inteira para se recuperar e se preparar para o próximo ato.
É, pois, imperativo aceitar que o jogador precisa descansar, e o treinador tem que rodar o elenco e dar a vez para outro jogador dar duro enquanto o titular coloca as pernas de molho.
Futebol à parte, estou preocupado com um garoto, 20 anos, que vive fazendo suas conexões pela Vila Formosa em uma requintada casa do tipo “pagar para amar”. Sem moralismo, mas não dá para repetir o jogo toda semana, é muito desgastante… Se bem que duvido que o garotão, que anda muito mais próximo das primas do que dos familiares, aguente uma hora do “jogo pegado”. E não é, óbvio, por falta de condições financeiras de brincar 90 minutos…
Não é porque no nosso tempo brincávamos todos os dias e, às vezes, nas melhores vezes, mais de uma vez por dia, que a garotada de 20 anos de hoje aguenta… O mundo mudou… Haja intensidade para 60 minutos semanais. E ainda querem que o cara jogue bola…
Jogador não é máquina!