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Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro, transformam o país inteiro num puteiro... Alô, povão, agora é fé! Vasco 2 x 0 São Paulo foi interrompido, corretamente, pelo árbitro Anderson Daronco por causa dos gritos de “time de viado” pela torcida cruzmaltina.
Voltando no tempo, os romanos atiravam cristãos aos leões, os senhores de engenho escravizavam negros, a sociedade patriarcal normalizou o fato de mulheres não votarem nem trabalharem...
Quando comecei a frequentar arquibancada, nos anos 80, gritos homofóbicos eram regra. Cansei de gritar também e achava normal e, até, divertido. O tempo passou, não vejo mais a menor graça. Tampouco pode ser considerado normal, que não é sinônimo de comum.
Chega! Basta! Futebol não é um mundo à parte da sociedade. E que seja um mundo bem-humorado, com rivalidade e diversão. E isso é possível sem racismo, sem machismo, sem homofobia, sem preconceito.
O bom senso só funciona quando dói o bolso. Ou alguém usaria cinto de segurança se não fosse multado? Esperar que a sociedade respeite os gays por conta própria, sem punição, é tratar o crime de homofobia como um crime menor que outros. Que, de agora em diante, não se puna só o clube do preconceituoso como também o próprio, individualmente, na esfera criminal. O futebol não está ficando chato. Chato é viver com o cérebro da Idade Média no século 21.
Agradeço aos leitores de Caneladas do Vitão por me colocarem, pelo segundo ano seguido, entre os dez finalistas do prêmio Comunique-se na categoria “escrita-esportes”. O reconhecimento e o carinho do público não têm preço. A votação segue no site Comunique-se para a indicação dos três que irão ao pódio. Agradeço desde já a quem optar pelo meu nome, mas já me considero vitorioso e muito feliz pelo reconhecimento.
Fernando Pessoa: “Eu sei que não sou nada e que talvez nunca tenha tudo. Aparte isso, eu tenho em mim todos os sonhos do mundo”.
Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!