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Caneladas do Vitão: O ex-meu, o ex-seu, o ex-nosso Pacaembu

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São Paulo

A primeira vez ninguém esquece. Faz parte do ritual. Passagem, aprendizagem. Misto de curiosidade. Com uma pitada de necessidade. De autoafirmação, de patriarcal aceitação. A sociedade funciona na base da aprovação. Progressiva, continuada.

No meu tempo de criança, no milênio passado, ido ultrapassado, meninos ainda eram criados com valores completamente diferentes das meninas. Era comum o pai bancar a iniciação do menino. E apresentá-lo à plateia, recheado de familiares e amigos, em sua estreia. Hoje é o dia! O programa do garoto era um evento marcado com antecedência. Cheio de cerimônia. Rapaziada metia pilha, afinal o projeto de homem nunca foi uma ilha. Qual a graça de, enfim, chegar lá e não contar para ninguém? Amor compartilhado pré-rede antissocial.

A sociedade mudou, em algumas coisas, evoluiu. Lentamente, progrediu. Meninas e meninos merecem, ou deveriam merecer, o mesmo tratamento. E, aos poucos, aprendemos a valorizar todos os momentos. Os melhores momentos. E não estigmatizar como marca indelével a primeira experiência.

Minha primeira vez foi no Pacaembu, Corinthians 3 x 1 Sport. Meu primeiro Dérbi, 3 a 0 para o Timão, com show de bola de Everton e Marcos Roberto, também. Experiências vividas ao lado do meu pai, primos e amigos também corinthianos. Um dos melhores momentos, sem dúvida, foi lá, ao lado do meu irmão, em 2012, no maior 4 de julho da história. A primeira derrota, para o Flamengo, e outras tristezas, que forjam caráter, lá foram vividas também.

Iniciei meu filho, 3 anos incompletos, na arrancada para o título do Brasileirão-2011, em um Corinthians 2 x 1 Athletico-PR, no Pacaembu também. Outras gerações corinthianas viveram ali o fim do tabu do Santos, o título do Quarto Centenário... Palmeirenses, santistas, lusos e são-paulinos, de todas as idades, também têm primeiras e muitas histórias relacionadas ao estádio. Como esquecer a bicicleta do Silva, juventinos?

Acabou. Passado, que é presente na memória de todos, já era. Mataram o meu, o seu, o nosso Pacaembu. O maior pobre é o pobre de espírito que só vê lucro e jamais pensa no bem coletivo. Nem tudo é dinheiro. Pobre, São Paulo, pobre, paulista. Iniciativa privada não vê lucro em preservar o bem público.

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