Guarani tenta escapar do fundo do poço
Lanterna da Série B, Bugre se movimenta para não cair pela 5ª vez na década
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Afundado na Série B do Campeonato Brasileiro e vivendo uma grave crise extra-campo, o Guarani tenta respirar para não amargar a quinta queda nos últimos dez anos.
A equipe, que terminou o primeiro turno na última colocação, não quer repetir os mesmos erros de sete anos atrás, em 2012, quando acabou rebaixada à Série C do Nacional. O Bugre caiu outras três vezes no período. Em 2010, quando desceu da elite nacional, e no Campeonato Paulista, em 2009 e 2013, quando foi parar na Série A-2.
“É muito desagradável ver o time nessa situação. Espero que, a partir do segundo turno, haja uma reação”, enfatizou Zenon, um dos maiores ídolos da história do Alviverde.
Primeiro e único clube do interior a levantar a taça do Brasileirão, em 1978, o Bugre passa longe da fase áurea.
Na semana passada, o presidente Palmeron Mendes fez uma verdadeira faxina no departamento de futebol e demitiu o técnico Roberto Fonseca, o superintendente e ex-jogador Fumagalli, o executivo Marcus Vinicius Lima e do coordenador Gabriel Remédio, antes de pedir seu próprio afastamento do cargo.
O vice, Ricardo Moisés, assumiu o posto e contratou o treinador Estevam Soares para chefiar o departamento de futebol.
“Sou formado e passei mais de dez anos da minha vida dentro deste clube, nos dois períodos como atleta, auxiliar-técnico e treinador. Não poderia recusar um convite desse. Estou muito otimista”, comentou Estevam Soares ao Agora.
“Quero que a equipe se ajuste e estou aqui para ajudar a reorganizar o time, principalmente dando suporte ao treinador. Precisamos fazer dois Guaranis: um dentro das quatro linhas, liderado pela comissão e atletas, e outro fora, com o presidente e diretores. O objetivo principal do Guarani é manter a equipe na Série B para 2020.”
A crise política ajuda a espalhar o fogo. Segue em trâmite o pedido de impeachment feito por um grupo de oposição a todos os membros do Conselho de Administração. Para definir a situação, uma reunião do Conselho Deliberativo ocorrerá no próximo dia 10.
“Quero primeiro ajudar o treinador a extrair o máximo dos atletas, em campo, e depois lidar com os problemas externos”, ressaltou Estevam Soares.
Ano para esquecer
Além de toda a crise administrativa, em campo, o Guarani só decepcionou.
Eliminado ainda na na primeira fase da Copa do Brasil, contra o Avenida (RS), na fase de grupos do Paulista, e nas quartas de final do Troféu do Interior, o time campineiro só tem a luta pela permanência na Segundona nacional para salvar o ano.
O fraco desempenho resultou em uma série de trocas de técnicos. Após um início de ano frustrante com Osmar Loss, ex-Corinthians, o Bugre apostou em Vinícius Eutrópio para a largada da Segundona, mas, na pausa para a Copa América, promoveu uma terceira troca com a contratação de Roberto Fonseca, que também acabou ceifado.
Após ouvir recusas de Gilson Kleina, Jorginho, Geninho e René Simões, o Bugre segue sendo comandado pelo interino Thiago Carpini.
Ídolos lamentam o momento delicado da equipe campineira
Gravado na história do futebol nacional, o time do Guarani de 1978 marcou uma geração pela conquista do Brasileirão daquele ano. Recheado de grandes nomes como Zenon, Careca, Bozó e Renato, a equipe comandada pelo técnico Carlos Alberto Silva era o contraste deste que luta a duras penas pela sobrevivência na Segundona.
“O momento do Guarani é muito delicado. Tem vários problemas administrativos, mudança de técnicos, falta de qualidade na escolha de atletas... Coisas que já vêm de um bom tempo”, analisou Careca, o artilheiro daquele esquadrão.
“No futebol não dá mais pra errar tanto. Agora é hora de todos que se dizem torcedores de carteirinha deixar a vaidade de lado e abraçar essa camisa verde e branca”, destacou.
Um dos grandes pilares na conquista do Nacional, Renato, que atualmente comanda o time sub-17, acredita que a crise atinge boa parte dos clubes do interior.
“É difícil opinar, visto que a maioria dos clubes do interior passam por crises financeiras. Penso que no Guarani não seja diferente. O meu objetivo é ajudar a base, revelar jogadores para o profissional, o que também não está nada fácil”, disse o ex-meia.
Bugre vence a segunda seguida, mas segue na lanterna da Série B
Uma luz ainda brilha no fim do túnel para o Guarani. Depois de quatro derrotas consecutivas na Série B do Campeonato Brasileiro ainda no primeiro turno, a equipe campineira chegou a segunda vitória seguida na competição e continua invicta neste returno. Neste sábado (31), os comandados de Thiago Carpini visitaram o Figueirense no Orlando Scarpelli, em Florianópolis, e triunfaram por 1 a 0.
O magro placar foi o necessário para garantir os três pontos e reacender uma chama de esperança no coração bugrino. O único gol da partida foi marcado por Davó, aos 44 minutos da etapa inicial. Depois de grande lançamento, o atacante invadiu a pequena área, o goleiro adversário Matheus Vidotto resvalou na bola, mas novamente o jogador do Bugre conseguiu o domínio e apenas empurrou para o fundo das redes.
O Alviverde ainda segue na lanterna da Segundona, com 19 pontos, mas diminui para apenas dois pontos a distância para a primeira equipe fora da zona de rebaixamento, que é justamente a equipe catarinense.
A equipe volta a entrar em campo pela competição no próximo sábado (7), quando encara o Oeste, no Brinco de Ouro.