Nem acho que Ernesto Valverde seja o técnico ideal para comandar o Barcelona, mas o treinador cresceu no meu conceito ao dizer publicamente que a novela Neymar passou dos limites e deixou o futebol do clube em segundo plano. 

Pois ele ganhou mais pontos, na avaliação deste colunista, ao apostar na última safra de La Masia, a tão falada sede das categorias de base, que tem muita fama, mas tem sido um fracasso na produção de talentos. É por causa disso que, nos últimos anos, só para ficar em três nomes, o Barcelona gastou 385 milhões de euros (cerca de R$ 1,76 bilhão) ao contratar o meia brasileiro Philippe Coutinho, que já foi emprestado ao Bayern de Munique, e os atacantes franceses Dembelé e Griezmann.

Só que neste início de Campeonato Espanhol, já que não pode contar com as estrelas Messi e Luis Suárez, Valverde está olhando com carinho para a base, e os garotos de La Masia estão entrando e fazendo a diferença. Contra o Betis, o atacante Carles Péres, 21 anos, foi titular e marcou um dos gols na vitória por 5 a 2.

Nessa partida, na etapa final, o treinador lançou o atacante Ansu Fati, nascido na Guiné-Bissau, na África, mas chegou à Espanha aos 6 anos. Desde 2012 no Barcelona, o garoto estreou aos 16 anos no time profissional e se tornou o segundo mais jovem a fazer sua primeira partida na equipe principal.

Para um garoto que anotou 130 gols em sua primeira temporada no sub-12 e se destacou em todas as categorias da base, Fati é tratado como uma joia rara. O seu poder de finalização foi demonstrado sábado (31) contra o Osasuña, em Pamplona. Após um modorrento primeiro tempo, quando o Barça terminou com 1 a 0 de desvantagem, Fati veio com o time para o segundo tempo e empatou a partida e tornou-se o jogador mais jovem na história do clube a fazer um gol pelo Espanhol.

Fica em segundo plano que o Barça não venceu. O que vale é que há um talento a ser lapidado e craques podem e devem ser feitos em casa, vide Iniesta, Messi, Xavi e tantos outros.