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Idário chorou convulsivamente, em 2007, quando voltou ao Pacaembu após longa ausência. Então um ex-jogador de 79 anos, soltou lágrimas de esguicho ao ver a suada vitória por 2 a 1 do Corinthians sobre o Noroeste, definida com um gol do limitadíssimo Daniel Grando aos 49 minutos do segundo tempo.
“Meu coração é corintiano. A nossa torcida é assim, sofredora. Eu sofro junto”, justificou, entre soluços, observando o palco onde tivera jornadas memoráveis, adorado por uma massa que o estimulava aos gritos de “pega ele, Idário”.
Como atesta a velha frase de incentivo, aquele senhor emocionado não era exatamente dócil no gramado. Atuando na posição que hoje seria chamada de lateral direita, era o terror dos craques da ponta esquerda, como o são-paulino Canhoteiro e o palmeirense Rodrigues.
Não foi na base da qualidade técnica que Idário ganhou a Fiel ou se colocou na disputa com Zé Maria pelo posto de maior lateral direito do Corinthians. Foi se ralando em campo, dando sequência à dinastia dos maloqueiros e sofredores inaugurada por Neco.
O descendente de espanhóis era chamado de Sangre ou Sangue Azul, mas tinha mesmo a nobreza do povo. Algo que demonstrou, por exemplo, naquele Pacaembu, na decisão do histórico Campeonato Paulista de 1954. Ele encarou o arquirrival Palmeiras com enormes feridas nas pernas e, mesmo atordoado por uma bolada, avisou: “Ninguém me tira deste jogo”.
O Corinthians não tinha um Idário no time na última quarta (embora o lutador Vagner Love mereça a ressalva destes parênteses). No dia em que se completaram dez anos da morte do Sangre, os atletas da equipe não mostraram o que corre em suas veias e se complicaram na Copa Sul-Americana.
A saber se a atitude será diferente na noite deste sábado, contra o Bahia. Antes, de manhã, será hora de reverenciar outro ídolo do passado, Teleco, que ganhará com justiça um busto no Parque São Jorge. Idário também merece o seu.