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Pulsação, compasso. Sincopado, acelerado, a vida é sempre evolução. Com mudanças, menos ou mais programadas, de ritmo. Passo a passo. Com licença poética na paradinha antes do recuo, sempre em frente. Quem acelera demais ou atrasa é punido. Sofre consequências.
É ciência, o tempo não para. A vida continua e tem vida própria que não respeita o ensaio.
A primeira impressão, à vera, importa. Muito. Mas não é a única que fica. A comissão de frente sinaliza e pontua. E se transforma, ganha forma e corpo ao penetrar a avenida. Sujeito a chuvas, trovoadas e a aprovação materializada em aplausos de alegria.
Conquistar o público não significa conquista. O resultado é também fruto do ocaso e da subjetividade travestida de julgamento técnico. Cabeça de jurado nem sempre é o melhor juiz.
A alegoria do samba que explica a vida é que a maior enganação é acreditar que não tem mais nada a provar. Nunca acaba ao cruzar a linha porque quem vem é sequência de quem vai, eterno recomeçar.
O fevereiro começou a ser escrito em janeiro, consequência direta do último dezembro. Cada coisa no seu tempo. O ano não começa no Carnaval. É um ciclo, este é o plano. Ala da criança agora é história que será contada na Velha Guarda outrora. Como o mestre de bateria iniciou os batuque como ritmista mirim na escolinha.
A maior fantasia é acreditar que desfilamos para nós mesmos. Futebol é um jogo que o objetivo, único, ainda que nem sempre possível, é a vitória. A maioria não ganha, alguns rebaixam, outros sobem e um só ganha. Mas esse é o objetivo.
Não adianta desfilar de igual para igual ou controlar o ritmo por uma hora se vencer não for o norte da escola.
É claro que beleza é subjetiva. Até por isso, há troféus mais ou menos belos do que outros. Feio, mesmo, é não jogar para ganhar. Futebol-tântrico que se excita com o controle da posse de bola é escola que estoura o tempo e não chega ao êxtase do “é campeão” na dispersão.
Não deixem o futebol morrer, não deixem o futebol acabar, futebol para a gente torcer para ganhar. Igual para igual é… Historinha de Carnaval. Que morre antes do desfile das campeãs.
José Saramago: “A alegoria chega quando descrever a realidade já não nos serve”.