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Mundo Olímpico: O dilema Tostines explica a diferença entre os esportes olímpicos e o futebol

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São Paulo

O esporte olímpico no Brasil sempre lutou pela visibilidade. Quando uma modalidade consegue um contrato de transmissão na TV fechada, é um alento para assinar com novos patrocinadores. Quando acerta com a TV aberta, então, é uma festa, pela exposição que terá país afora.

A seleção brasileira feminina de basquete enfrenta a Austrália no pré-Olímpico: só assistiu quem tinha TV paga - Guillaume Souvant - 9.fev.20/AFP

O grande problema é que entrar na grade das emissoras abertas está cada vez mais difícil. Na Globo, então, quase impossível, só se for uma final de Mundial ou Olimpíada. E olhe lá! 

Os canais dão espaço justamente ao esporte que já tem visibilidade: o futebol. Os que não têm se veem cada vez mais no ostracismo.

A questão aí é a mesma da propaganda do biscoito Tostines nos anos 1980: “Vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”

No universo esportivo atual, a pergunta seria: “Futebol tem mais visibilidade porque é mais querido ou é mais querido porque tem mais visibilidade?”

A resposta pode ser: as duas coisas. Mas o mesmo aconteceria com esportes como judô, badminton, esgrima ou levantamento de peso? Certamente. Claro que não no mesmo nível do futebol, que é quase uma religião no país, mas cada um ganharia seguidores, teria mais procura e mais visibilidade para se desenvolver e formar atletas mais capacitados para conquistarem títulos internacionais.

Um exemplo do privilégio do futebol ocorreu no último domingo (9). Às 10h, a seleção feminina de basquete enfrentou a Austrália no pré-Olímpico com transmissão do SporTV 2, o canal olímpico pago da Globo. 

Também válido pelo pré-Olímpico, o jogo da seleção masculina de futebol foi transmitida pela TV Globo, em canal aberto para todo o Brasil - Juan Barreto - 10.fev.20/AFP

À noite, a emissora, então, mudou sua grade da TV aberta, antecipou Faustão e Fantástico e atrasou o BBB para transmitir o duelo entre a seleção masculina sub-23 de futebol contra a Argentina, também pela vaga em Tóquio, às 22h30.

Sem tanta visibilidade, o basquete não conta mais com a força da geração de Paula e Hortência e, por isso, não disputará os Jogos no Japão. Já o futebol tentará o bi olímpico com um grupo recheado de craques. Dois mundos distintos.

Sebastião Claudinei Queiroz

47 anos, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, pós-graduado em Gestão de Marketing pelo Centro Universitário Senac e tecnólogo em Gestão do Esporte pela Universidade São Marcos. E-mail: claudinei.queiroz@grupofolha.com.br

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