Há quase dois anos, torcedores do Racing foram até São Januário, no Rio de Janeiro, acompanhar o duelo entre a equipe argentina e o Vasco da Gama, pela Libertadores de 2018.

Justamente diante de um dos pioneiros na inclusão dos negros e pobres no futebol brasileiro, alguns dos visitantes arremessaram bananas na torcida cruzmaltina, poucas semanas depois de imitarem macacos no jogo de ida —atos de racismo explícito dos hermanos contra os brasileiros que são conhecidos pelo menos desde a década de 1920.

 Em 2016, também pela Libertadores, o preparador de goleiros da mesma equipe argentina, Juan Carlos Gambandé, simulou comer uma banana para responder a provocações de torcedores atleticanos na queda da La Academia no Horto.

Mas a banana deu o troco no último domingo (9). O que era símbolo de agressão e desprezo por parte do Racing virou febre no país vizinho, de forma positiva, especialmente entre torcedores da equipe azul e branca.

Tudo graças ao chileno Marcelo "Chelo" Díaz, autor do gol da histórica vitória por 1 a 0 sobre o Independiente, aos 41min do segundo tempo, minutos depois de comer uma banana no gramado do imponente Cilindro —até cobrou uma falta com a fruta na mão.

O volante de 33 anos não titubeou em ingerir a bomba de potássio a fim de evitar cãibras e suportar a pressão da equipe vermelha, que, com dois a mais em campo, sufocava o Racing.

Como a rivalidade do clássico de Avellaneda nada deve, por exemplo, a um Boca Juniors x River Plate, a um Palmeiras x Corinthians ou a um Real Madrid x Barcelona, Chelo e a banana se tornaram verdadeiros heróis na Grande Buenos Aires.

Companheiro do chileno no clube argentino, o ex-palmeirense Jonatan Cristaldo lançou nas redes sociais o #DesafioCheloDíaz, no qual incentivava torcedores do Racing a publicar fotos exibindo bananas.

Em êxtase, torcedores deixaram o estádio devorando a fruta, que, ao menos uma vez, pôde ser vista como motivo de festa em arenas esportivas.