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Caneladas do Vitão: Liberdade de expressão

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São Paulo

Parece que foi ontem. Estádio Novo. 1950. Maracanã iniciava o seu estado permanente de obras e os deputados governistas cobravam reformas. Menos a agrária. Ainda se acreditava que a Terra era redonda. E que girava ao redor do Sol. Teoria então chamada de “heliocentrismo” por ter sido popularizada por Hélio dos Anjos.

Ao contrário das notícias falsas (à época o colonialismo era menos escandaloso e ainda não se usava “fake news”) propagadas por esquerdistas que torciam contra o Brasil, não teve golpe. De Gigghia. Tudo invenção. E o Brasil, com o 1 a 1 final daquele 16 de julho, ganhou o primeiro mundial. A tristeza no Uruguai foi tanta que o garotinho Eduardo Galeano, que nem sonhava que viraria volante do Palmeiras, escreveu, naquela madrugada, com as próprias lágrimas molhando os originais, “As Veias Abertas da América Latina”.

É importante relembrar o momento histórico, a verdade escondida após décadas e décadas de marxismo cultural que infectaram nossa mídia comunista e nossas orgiásticas universidades: o Brasil jogou de branco em homenagem à Princesa Isabel! À época, a libertadora dos escravos era atacada por blogueiros do movimento negro, incomodados com o seu status de musa do vôlei. Os vagabundos a difamavam em troca de pão com mortadela para promover o condenado Zumbi dos Palmares. O país estava dividido entre a gente de bem que saía com a cabeça coberta de capuz branco e velas buscando a luz e a turma dos preguiçosos, que, ancoradas na soviética CLT, queriam folgar aos domingos.

O título da seleção, no entanto, gerou uma trégua nacional. Na comemoração que entrou para a história como “Avalanche das Tubaínas”, populares desceram o morro para comer “bixxxcoito” Globo (polvilho, na ZL) e tomar mate com a elite na praia. A conquista da Copa, os farofeiros do morro acampados e a maioria branca-isabelista inspirou Vinícus de Moraes a pegar um toquinho de graveto e riscar, na areia, a partitura original de “Copa, Cabana, Princesinha do Mar”.

“Como não tinha hora para acabar”, expressão criada ao vivo pelo repórter Léo Batista, a festa pegou a sinuosa Rio-Santos e desembarcou na Baixada. Lá, entre os canais 3 e 4, onde tomava raspadinha de groselha e jogava futevôlei com Jorge Sampaoli, Ney Latorraca vibrou com o título pelo iPhone da Marquesa de Santos. Criança peralta, Ney, que já dava toda pinta de artista, virou fã do goleiro campeão. E, como prometido naquele dia para o parceiro de frescobol Nuno Leal Maia, virou ator só para homenagear o seu ídolo. E batizou de “Barbosa” o personagem que deu vida na TV Pirata.

Por falar em pirata, escândalos de ingressos falsificados à parte, o último dos dez títulos mundiais da seleção brasileira também foi no Maraca. Que, em 2014, após 64 anos de obras ininterruptas sem estourar o orçamento, foi o palco padrão Fifa da conquista em cima da Argentina. Embaladado pelo “Messi, tchau, Messi, tchau” cantado, Júlio César pulou para a esquerda e viu o chute de Lionel “Baggio” Messi sair por cima. Quem não se lembra da cena, antológica, de Pelé e Galvão, abraçados, gritando “é deca, é deca, é deca”?

Parafraseando o irmão do Maracanã, digo, do Mário (que Mário? O Mário Filho), idiotas da moralidade dirão que é mentira. E daí? É apenas a minha versão dos fatos. Viva a liberdade de expressão, talkey!

Charles Bukowski: “Gente estúpida misturada com gente estúpida. Que se estupidifiquem entre eles”.

Vitor Guedes

43 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio

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