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Caneladas do Vitão: Clássico da morte reabre futebol paulista

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São Paulo

Esta cova em que estás, com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida, é de bom tamanho, nem largo, nem fundo, é a parte que te cabe deste latifúndio... Alô, povão, agora é fé! Enquanto o lunático vendedor de cloroquina travestido de presidente lidera o país rumo aos cem mil mortos da “gripezinha”, o futebol paulista imita o surrealismo da vida e voltará a campo na quarta-feira. E com Curintchá x Parmera!

Se matar a humanidade é pouco, os negacionistas da civilização também querem matar a história do Dérbi! Depois de normalizarem a absurda torcida única, o maior clássico paulista, que tem rigorosa igualdade de 127 vitórias para cada time (além de 108 empates), pode desempatar o confronto sem torcida! É mais do que o armagedon, é tão absurdo quanto o governo bizarro que tem um astronauta na pasta da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações ter como guru um (autointitulado filósofo) terraplanista!

Como na partida contra o Ituano, última do Corinthians antes da paralisação por causa da pandemia da Covid-19, o Itaquerão não vai poder receber torcedores, nesta quarta-feira (22), no clássico contra o Palmeiras - Daniel Augusto Jr. - 15.mar.20/ Ag. Corinthians

Mancha e Gaviões mostram que respeitam muito mais a vida e o clássico do que as otoridades. Tanto que as organizadas, que realizaram diversas ações assistenciais durante a pandemia e liberaram seus membros a lutarem contra o fascismo, respeitarão o isolamento social e não irão abrir as quadras.

Chico Malfitani, fundador da Gaviões e militante pela democracia, me representa. “Vitor, saudade do futebol não falta. Agora, ver um Dérbi, sem torcida, não rola. Com torcida única então é sinal dos tempos que nós estamos vivendo: é crise na saúde, crise na política, crise na sociedade, crise no futebol. A pandemia, na verdade, continua igual, o que mudou foi a abertura. É sinal dos tempos. Estamos pagando as sete pragas do Egito porque uma parte dos brasileiros elegeu o Bolsonaro.”

Essa culpa não carregamos, Malfitani!

Paulo Serdan, da Mancha, foi na mesma linha. “Faltou diálogo para que as torcidas fossem ouvidas e respeitadas no lance da torcida única. Simplesmente, tacharam como desordeiros e bandidos e pronto. E mostra, claro, a falência do poder público. Perto do que acontecia nos anos 80 e 90, era fichinha o que estava acontecendo quando proibiram.”

É óbvio que não pode ter público agora! Porque não poderia nem sequer ter jogo! “Por mim também não voltava agora”, concorda Serdan. Ganhe o meu, ops, o Timão do Malfitani, vença o Verdão do Serdan ou empate, já perdemos todos.

Amanhã tem mais Dérbi da morte aqui!

Nelson Rodrigues: “O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota”.


Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!

Vitor Guedes

43 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio

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