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Caneladas do Vitão: Quem nunca?

História (auto)biográfica e patética

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São Paulo

Se tudo é mais difícil para corinthiano, Alemão ainda tem que lidar com a injusta fama de desligado propagandeada e covardemente alimentada por mentirosos, linguarudos e exagerados do seu círculo íntimo.

Reza a lenda, alimentada pela mãe, pai, irmã, irmão, mulher, primos, cunhados e todos os fuxiqueiros que convivem ou conviveram com ele por mais de 18 minutos, que ele não olha muito ao redor e é, desde muito novo, meio alheio à humanidade…

Dentre algumas versões, a mais próxima da realidade é que o folclore ganhou força quando Alemão era adolescente e, para ser gentil e puxar assunto, perguntou à amiga gordinha se ela estava grávida. O parto do Renan, como programado, deu-se dois dias depois.

Não dá para confiar em ninguém. É impressionante como as pessoas, familiares inclusos, têm o prazer em aumentar e falar mal dos outros, ok, ok, ok.

Ora, bolas, ele é o exu-reparador, o suprassumo da atenção. Mas, como toda regra tem exceções diárias, Alemão caprichou no motivo para os faladores deitarem falação nesta semana...

Quem nunca foi em uma consulta na região da Paulista e, atendendo às normas de segurança, enfiou um protetor branco descartável sobre o tênis?

Quem nunca, 45 minutos depois, consulta feita, atira tudo sobre a mesa da incrédula recepcionista para encontrar o cartãozinho de marcar retorno? Por que mesmo sem quase nada na carteira, esses malditos cartõezinhos adoram se esconder grudados entre a nota única de dois reais e a antiga oração de são Jorge versão pré-reforma ortográfica?

Quem nunca, cartãozinho encontrado e retorno anotado, sai do consultório, anda dois quarteirões, entra no metrô, faz baldeação, pega outra linha, desce, toma café, come pastel (de carne, sempre acompanhado de vinagrete, pimenta e garapa com limão), desce mais duas quadras, entra na loja que procurava e compra o produto caríssimo recomendado pelo médico?

Quem nunca, após parcelar em 818 vezes, volta, sobe duas quadras, toma outro café duplo preto e sem açúcar, entra no metrô, faz baldeação, volta à ZL, desembarca e, só quando desce as escadas e chega à rua, percebe que não tirou o protetor de tênis descartável de uso obrigatório no consultório?
Quem nunca? Corinthiano sofre! De maledicência!

Guimarães Rosa: “Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens”?

Vitor Guedes

43 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio

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