A bola é um detalhe: Até Guardiola se adapta
Catalão mostra humildade que treinadores bem menos consagrados não conhecem
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Foi Pep Guardiola, em grande parte, o responsável pela tara da posse de bola que ganhou corpo no futebol na década passada. O Barcelona do treinador trocava passes à exaustão, aguardando o momento do bote, fórmula de sucesso repetida sem sucesso em vários times do mundo.
No Brasil, que adora um produto pirata, logo surgiram as cópias mal-acabadas. Houve técnicos que estabeleceram metas de passes nas partidas, como se a posse de bola fosse o fim, não o meio para a estatística que importa: o placar.
Depois de marcar época no Barcelona, Guardiola passou pelo Bayern e chegou ao Manchester City, sempre fiel ao seu estilo. Colecionou resultados bons e outros nem tanto sem deixar de ser uma referência do futebol bem jogado.
Com orçamentos altíssimos para montar elencos de qualidade técnica elevada, o catalão resistiu à queda da posse de bola como um dogma. Diversas equipes nos últimos anos experimentaram a glória apostando na velocidade, nos contra-ataques, como a França campeã do mundo de 2018.
Guardiola continuou valorizando a bola, mas é um treinador inteligente, não um maníaco preso a uma fórmula. Ao conduzir o City à sua primeira final de Liga dos Campeões, por exemplo, adotou cuidados defensivos maiores do que os exibidos em outros momentos.
Para avançar à decisão, encarnou uma espécie de anti-Guardiola e deu a posse de bola ao Paris Saint-Germain na semifinal. Se era o contragolpe que queriam os franceses, o City marcou no campo de defesa e tirou do adversário a oportunidade de usar a velocidade.
Quem se mostrou letal em ataques rápidos foi o time inglês, que foi à final em uma partida na qual teve 45% da posse. E esse número foi inflado na parte derradeira do duelo, quando ele estava decidido e o PSG tinha um atleta a menos.
Até Guardiola, arquiteto de uma fórmula comprovadamente eficaz, abre mão dela se julga conveniente. Técnicos com ideias bem mais questionáveis e sucesso bem menor, não.