Caneladas do Vitão: Ensaio sobre a cegueira
Homenagem à invisível humildade do vice paulista
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Holofote. Excesso de luz cega. O microfone é uma tela em branco aberta para a vaidade distorcer e pisotear o que, à vera, acontece sobre a relva verde...
Basta ter olhos ao lado para encobrir a realidade com cabresto e não ver o time ser amplamente dominado no Choque-Rei final.
"Nosso adversário não foi melhor que nós em nada. Não criou mais oportunidades que nós, não transitou mais do que nós, não teve ataque posicional melhor do que nós"...
O clarividente erro defensivo que clareou o espaço para Luciano ampliar para 2 a 0 em sua segunda oportunidade e o escancarado 3 a 0 desperdiçado por Sara na pequena área não foram vistos. Para Abel Ferreira, o jogo foi só 1 a 0. Faz sentindo, afinal ele não mudou a estrutura para reverter a desvantagem. "Foi um jogo decidido em detalhes e o primeiro gol do nosso adversário mostra bem o que é futebol". É a mentira deslavada travestida de pós-verdade. Se a declaração nonsense fosse após a final da Libertadores, decidida nos acréscimos na única conclusão verde ao gol santista, tabelaria muito mais com a verdade.
A cegueira diagnosticada no Morumbi não surgiu do nada. Ela é reflexo continuado da miopia seletiva já registrada na primeira parte da final paulista, quando o fraco 0 a 0 só foi ameaçado por um chute na trave do são-paulino Gabriel Sara. "No primeiro jogo, as oportunidades foram nossas."
A ilusão de ótica clubística não é um fenômeno observado apenas na capital paulista. Ao contrário, é constatado em contexto mundial. O vexame contra o Tigres, quando Weverton salvou a "equipa" de uma derrota mais contundente, também foi "visto" sob a óptica completamente mentirosa do detalhe: "Hoje a bola não quis entrar, carregamos a bola no segundo tempo e o jogo acabou definido no detalhe de um pênalti".
Quem muito olha para o outro não enxerga o absurdo que é Gabriel Menino, Viña, Danilo e Patrick de Paula assistirem, do banco, a Mayke, Victor Luís, Felipe Melo e Danilo Barbosa em campo. "Nós conhecemos bem o Danilo [Barbosa] e apesar de fazer bem a posição de zagueiro, a posição dele é de 8, um 8 que chega na área. E o Patrick é mais um 8 de vir pegar a bola e de chute de fora da área."
Então, tá, ô, pá.
José Saramago: "Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro".