Confira os segredos de quem conseguiu um novo emprego
Quem foi para o desemprego e saiu, paciência e persistência foram fundamentais
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“E agora? O que eu vou fazer da minha vida?” foi o primeiro questionamento de Osmar Antônio Rosa, 61 anos, da Vila Industrial (zona leste), quando deixou o trabalho em uma montadora de veículos na capital paulista, onde atuava na área de funilaria.
Após 32 anos de dedicação, foi a sua vez de enfrentar as dificuldades do mercado de trabalho. Ele conseguiu a aposentadoria, mas precisava de um complemento de renda para conseguir sobreviver.
Rosa resolveu então aproveitar o conhecimento em funilaria artesanal para dar o primeiro passo que o levaria a superar a má fase. “Quando você sai de um emprego sempre fica amuado, mas tive fé, nunca desanimei e nem desisti”, afirma.
Ele conta que recomeçou do zero. Fez cartões de visita para divulgação da sua atividade aos amigos e nas oficinas. Durante dois anos, viveu de bicos como “martelinho”, desamassando veículos. O serviço custava a partir de R$ 100, dependendo do carro e do tamanho do estrago. A clientela cresceu com o tempo e a renda mensal também, em torno de R$ 2.500 a R$ 3.000.
Mesmo com a renda satisfatória, a possibilidade de não conseguir manter os clientes o preocupava. Um dia, o empresário Renato Gouvêa, 46, procurou seus serviços. Do trabalho nasceu uma amizade e o convite para Rosa se profissionalizar na escola Rgolden, que oferece cursos na área de estética automotiva e funilaria de brilho. Há oito anos, Rosa é instrutor no local. “A paciência deve estar em primeiro lugar para que o candidato encontre o emprego que deseja”, aconselha.
Para os mais jovens
Há oito meses, Luana Áurea Pita de Lima, 19, do Parque Alto, na região de Interlagos (zona sul), é aprendiz de cozinha no restaurante Arábia, no Jardins.
O desemprego durou um ano, período em que Luana, estudante do segundo ano do ensino médio, usou para apostar no cadastro e divulgação de seu currículo em sites de emprego.
A tão sonhada oportunidade veio em um mutirão de emprego promovido pelo Sindicato dos Comerciários no ano passado.
Até então, a busca por uma vaga tinha sido em vão e ela não conseguia nem mesmo passar por entrevistas. A jovem conta que se sentia culpada por não ter terminado os estudos.
“Por muitos dias chorei de medo de não conseguir trabalho. O fato de eu ser maior de idade e não ter terminado os estudos, me atrapalhou muito. Tenho consciência de que poderia ter feito um curso profissionalizante ou até mesmo entrado em uma faculdade”, diz. Luana perdeu três anos letivos por problemas familiares e doença. Hoje, está em recuperação. Ela diz que adora o novo emprego e agora sonha em cursar gastronomia.
Ousadia garante nova oportunidade
O desemprego entrou na vida da representante comercial Elizabete Macedo Pereira, 49, há dois anos. Em abril de 2017, ela foi demitida de uma multinacional na área farmacêutica, onde ficou por 12 anos.
“Com a crise, a empresa passou por uma reestruturação e demitiu o departamento comercial. Desde então, não consegui mais recolocação.”
Após a sétima entrevista sem sucesso, Elizabete percebeu que havia dois empecilhos: o salário e a idade, essa última com peso maior.
“Chegaram a me oferecer 60% do que eu ganhava. Em uma das entrevistas, o gerente foi muito sincero comigo ao dizer que se me contratasse com um salário muito baixo, na primeira oportunidade eu deixaria a empresa”.
Elizabete diz que enfrentou momentos de revolta e falta de esperança. “No total, foram 25 anos somente em indústria farmacêutica”, diz.
O jogo começou a virar quando seguiu o conselho de um amigo e omitiu a idade do currículo. Em 2 de fevereiro deste ano, ela assumiu como representante comercial de uma indústria farmacêutica.
“Se a minha idade constasse no currículo, eu não teria sido chamada. A minha área é muito preconceituosa. Algumas empresas contratam somente até 32 anos”, comenta.
A especialista em carreiras com foco em recolocação profissional Adriana Cavalcante afirma que o equilíbrio é essencial na busca por emprego.
“O segredo é manter o domínio emocional para assegurar o controle das suas ações. O baixo astral e a depressão vão tirar o candidato da órbita.”
Alexandre Slivnik, especialista em gestão de pessoas e equipes, diz que o profissional precisa demonstrar ambição, autoconfiança e audácia.